Sem sossego após a morte

“Esses itens são instalados com muito carinho e amor, de forma a homenagear quem já se foi e, talvez, diminuir um pouco da saudade”

Quando estamos na Terra, quase nunca temos sossego. Seja por conta de trabalho, estudos, seja por conta da criminalidade que “rola solta” por aí. Quando as pessoas partem deste mundo, pensam (e nós também quando morrermos) que estarão livres de toda as injustiças e violências que nos assolam aqui.

Só que, como já diz o ditado, “nem após a morte temos sossego”. Isso porque os cemitérios de todo o mundo são constantemente furtados e violados de outras maneiras. No caso dos furtos especificamente, os ladrões visam, em especial, as plaquinhas feitas geralmente de bronze, ou de outro material de valor, que levam o nome do falecido. Há ainda molduras feitas do mesmo material que ostentam uma foto da pessoa.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, em levantamento do Cemitério Municipal da Vila Mariana, na Zona Sul da cidade, constatou-se 85 violações a sepulturas em menos de uma semana em 2018, média de 14 casos/dia.

Se engana, porém, quem pensa que os ladrões querem para si o objeto do furto. Em geral, são viciados em drogas e em outras substâncias, como álcool, efetuam o furto de diversos objetos valiosos para as famílias – não financeiramente falando, mas sim sentimentalmente – e os vendem para financiar seus vícios.

Esse episódio tem acontecido constantemente em Ribeirão Pires. São vários os relatos e reclamações de moradores acerca do sumiço de itens do cemitério municipal. No final do ano passado, o espaço já havia sido vítima de roubo mais abrangente, no qual os criminosos levaram até pertences dos funcionários. De fato, não é incomum, infelizmente, visitar-se o local e deparar-se com a ausência de tais objetos nas sepulturas.

Vale ressaltar ainda que tais ações não ocorreriam caso não existissem os receptadores, aqueles que são os responsáveis por receber a mercadoria roubada para revende-las (estes sim, em busca de lucro). Afinal de contas, eles utilizam os viciados como espécie de “mulas” para fazer todo o “trabalho sujo”, evitando assim que fiquem encrencados com a polícia.

Mais do que a perda financeira, é a tristeza para a família do ente sepultado, visto que esses itens são instalados com muito carinho e amor, de forma a homenagear quem já se foi e, talvez, diminuir um pouco da saudade. Só que, infelizmente, o vício, a compulsão, fazem com que pessoas sem escrúpulos não deixem os demais descansarem nem após a morte.

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