Rir nem sempre é o melhor remédio

Estamos a 10 dias das eleições, momento que decidirá o futuro do Estado e do país nos próximos quatro anos. São menos de duas semanas para os eleitores fazer uma avaliação criteriosa da grande quantidade de candidatos que se apresentaram durante quase dois meses no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, em propagandas nos intervalos das programações, em caminhadas pelas ruas e em muitos, muitos santinhos e cartazes. É hora de separar “o joio do trigo”, como diz a famosa expressão.

O fato é que grande parte da população está desacreditada na política, afinal, entra governo, sai governo, aumentam os escândalos de corrupção e diminuem os feitos em prol dos cidadãos. E é justamente por essa descrença, que muitas pessoas estão pensando em votar nos candidatos mais bizarros, aqueles que todos tem plena certeza de que nada farão pelo país, somente pelos próprios bolsos, como uma forma de protesto, deixando claro o cansaço por tantas falsas promessas.

Se as eleições fossem hoje, Tiririca (PR) seria o deputado federal mais votado em todo o país, com cerca de 900 mil votos, mesmo não apresentando nenhuma proposta, apenas piadas. De acordo com pesquisa Datafolha, ele seria o escolhido por 3% dos paulistas, ficando à frente de candidatos com carreira política, como os deputados federais Paulo Maluf (PP-SP) e Márcio França (PSB-SP), que aparecem em seguida na pesquisa, com apenas um terço dos votos do humorista: 300 mil, ou 1% dos votos. Tiririca perderia apenas para o 1,5 milhão de votos recebidos por Enéas Carneiro, morto em 2007, nas eleições realizadas em 2002.

Após sofrer várias críticas pela postura adotada durante toda a campanha, ele colocou ontem, em seu site propostas que pretende defender se eleito. Agora, que não há muito tempo para discussões.

Realmente escolher o melhor candidato não está fácil. Se a ideia for pesquisar pelos concorrentes com ficha limpa no site www.fichalimpa.org.br, o eleitor não encontrará muitas opções, pois dos milhares que estão concorrendo as eleições, apenas 71 estão inscritos. Um diferencial que a maioria não se atentou.

Mesmo com toda dificuldade para separar “o joio do trigo”, como dissemos no início deste editorial, o voto de protesto não é a melhor maneira de demonstrar a insatisfação do povo brasileiro. A melhor maneira é agir como fiscais, os verdadeiros patrões que somos nessa contratação, dando um voto de confiança àqueles que mostraram bons projetos e depois de eleitos, cobrá-los diariamente pela prática de tudo o que foi dito. Um dia de protesto terá que ser suportado por quatro anos, e apesar de passar rápido, não é pouco tempo.

Rir pode até ser o melhor remédio, mas na política, com certeza, esse não é o caso.

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