Revertendo a posição de “flanelinha”

Os donos das ruas. É essa a impressão que o motorista tem quando precisa parar seu veículo para resolver um compromisso e se depara com os guardadores de carros, os famosos “flanelinhas”. Uma situação que não é exclusiva de uma cidade, é algo que está por toda parte.

A atuação do “flanelinha” é uma questão social. Diante da falta de espaço no mercado de trabalho, muitas pessoas encontram nessa atividade a oportunidade de juntarem algumas moedas para garantir o essencial para sobreviverem. Mas como toda regra há sua exceção, sempre há alguém mal intencionado, que consegue um trocado não pela condição em que vive, mas pela intimidação. Um caso desses levou a discussão sobre os flanelinhas à ACIARP (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Ribeirão Pires), mas aproveitou-se a ocasião para colocar em pauta os guardadores de carro de modo geral. O que pode ser feito com eles e para eles?

Durante a reunião na ACIARP, foi discutida a ideia de cadastrar aqueles que desenvolvem a prática não apenas na área central, mas também no Parque Municipal Milton Marinho de Moraes, nas feiras e eventos da cidade, e identificá-los com uniformes para que eles possam vender o cartão da Zona Azul com o mesmo lucro dos comerciantes.
Na verdade, o trabalho que parece informal é profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que cita entre as atribuições a tarefa de reservar vagas nas ruas, sinalizar vagas para os motoristas e zelar pela segurança dos carros. Apesar do reconhecimento, a falta de normatização por parte das prefeituras faz com que a atividade se desenvolva de forma desregrada.

Bom mesmo seria se o Ministério do Trabalho proporcionasse cursos profissionalizantes em parceria com as prefeituras de todo o país, para que os guardadores de carro trocassem essa atividade por alguma que lhes rendesse um salário fixo e condições mais dignas de trabalho. Emprego a gente ouve falar que tem; o que não tem é mão-de-obra qualificada e se o MTE trabalhasse mais essa questão, o quadro poderia se reverter.

Não tem cabimento pagar para deixar o carro na rua. Primeiro porque o espaço é público; segundo por que os “flanelinhas” não têm poder para zelar pela segurança do carro, pois hoje em dia, os criminosos não se intimidam com a presença de mais ninguém, e se um ladrão chegar armado para roubar um veículo, os guardadores nada poderão fazer para impedir – guardarão a própria vida. E terceiro porque já pagamos para que o meio onde circulamos seja seguro: pagamos impostos – e muitos – que deveriam ser revertidos, entre outras áreas, para a segurança.

Os “flanelinhas” merecem oportunidades mais estáveis de ganhar a vida. E a população merece não ter que pagar mais do que já paga.

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