Participação popular e representatividade coletiva – instrumentos da democracia

A passos lentos, mas firmes, as obras de mobilidade do Grande ABC vão saindo do papel. Desde o ano passado, quando foram anunciadas, havia a promessa de que antigos sonhos, como o viaduto para ligar o Centro Alto ao Centro de Ribeirão Pires e o Metrô do ABC pudessem se tornar realidade. Entretanto, a crise econômica e a recessão que afetam o país deixaram o cenário nebuloso.

Coube ao Consórcio ABC, entidade que representa coletivamente as sete cidades da região evitar o pior. Na semana passada, um encontro com o vice-presidente da Caixa Econômica Federal garantiu que as verbas federais – indispensáveis ao fim das obras – serão enfim disponibilizadas.

Este caso que, aliás, está ilustrando na página 5 desta edição do Jornal Mais Notícias, mostra a importância de se olhar além das margens do ribeirão, buscar um acerto regional para o crescimento da cidade. Qualquer movimento sindical mostra que, com união e um discurso alinhado, todo o processo de negociação fica simplificado. O mesmo vale até mesmo para países, que se unem em alianças como a União Europeia, Mercosul e Alca, por exemplo.

Isso posto, retomamos o caso da “marcha dos zumbis” citado no editorial da semana passada, um grupo disforme que tomou as ruas sem objetivo. Desunido e sem comando, fez pressão, mas não conseguiu algo maior do que barulho. Faltou um comando, alguém para ser a persona das negociações e poder apresentar (e cobrar a execução) de uma pauta comum. Isso foi visto em vários momentos históricos, podendo citar desde Collor, em que a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) fizeram este papel, até mesmo na queda do ditador Nicolae Ceaucescu, na Romênia, quando os militares o depuseram e, a seguir, convocaram eleições encerrando a ditadura vigente naquele país.

Em um estado democrático de direito é fundamental valorizar as entidades de representação social, como os partidos políticos. O grande problema do Brasil não está na existência destas entidades, como pregam alguns “analfabetos políticos”, mas sim na forma como elas são geridas, dando margem ao fisiologismo e ao seu uso para fins escusos.

Afinal de contas, se não for por meio de partidos, como o povo poderá participar das decisões do país? Afinal de contas (felizmente) não vivemos em uma anarquia e nem em uma ditadura (que aqui no Brasil, singularmente, tinha um partido de situação e outro de oposição). A solução é eleger representantes melhores e expurgar, por meio da urna, a mais poderosa das armas, aqueles que não são dignos de falar em nome da população. Representatividade coletiva e participação popular são as palavras-chave para um país melhor.

Destaque: Em um estado democrático de direito é fundamental valorizar as entidades de representação social

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