Para fazer-se ouvir

Ah, se todo mundo questionasse seus representantes, os fiscalizasse e cobrasse uma por uma todas as promessas feitas durante a campanha eleitoral… Certamente políticos pensariam duas vezes antes de trabalhar em benefício próprio ao invés de atuarem em prol de seus eleitores, e tirar sarro da cara do povo sem a menor cerimônia, como aconteceu, por exemplo, em uma fala do deputado federal Abelardo Camarinha (PSB-SP). Questionado sobre o aumento significativo no salário dos parlamentares no ano passado, ele simplesmente respondeu: “Deputado não tem padrão de vida de um cidadão comum, ele é padrinho de casamento, ele é padrinho de formatura, ele tem despesas extras, ele tem bases eleitorais, ele tem convites. Eu duvido quem sobreviva com salário de R$ 11 mil, R$ 12 mil”, disse em rede nacional.

Os problemas do nosso país, estados e municípios são muitos e cada cidadão pode e deve ajudar os nobres governantes a tomar ciência deles e cobrar que o dinheiro pago em impostos vá para outros lugares que não sejam apenas os seus bolsos. Para tanto, é preciso partir pra discussão, ato que pode ter duas interpretações: uma briga e um debate para transpor ideias. E na discussão a que esse editorial se refere trata-se da segunda opção, afinal, nada que um bom diálogo não esclareça as coisas. Mas o que se vê às vezes são manifestações que fogem totalmente a essa prática de boas maneiras. É o que vem acontecendo na Câmara de Vereadores de Ribeirão Pires. Nas duas primeiras sessões do ano, a ânsia de algumas pessoas em se manifestar exaltou tanto os ânimos que não foi possível chegar a lugar algum. Em uma casa onde a democracia impera, afinal, os nobres parlamentares que lá estão chegaram ao posto graças ao voto dos eleitores, a conversa também deveria ser democrática, onde todos pudessem ouvir e serem ouvidos. Mas com gritaria e confusão isso fica praticamente impossível.

O ato de manifestar-se é louvável, todo cidadão deveria apresentar aos representantes os seus pontos de vista e as suas reivindicações, ajudando, assim, na execução dos trabalhos de seus governantes, mas não com desordem, pois para fazer-se ouvir, não é preciso levantar o tom da voz, bons argumentos já bastam.

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