Ou é pouco, ou é nada

Com a entrada de um novo governo, o povo brasileiro fica na expectativa de mudanças. Uma delas é o reajuste do salário mínimo. No dia 30 de dezembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou medida provisória com reajuste de 5,88% para o ordenado, elevando a quantia de R$ 510 para R$ 540.

O debate sobre o novo valor vai se estendendo, bem diferente do que aconteceu quando o assunto era o projeto de Decreto Legislativo, de autoria da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que equipara os salários de presidente da República, vice, ministros de Estado, senadores e deputados aos vencimentos recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal: R$ 26.723,13. O plenário da Casa aprovou, em dezembro, o regime de urgência para a tramitação dessa matéria e a partir de 1º de fevereiro, todos estarão com salários novinhos, novinhos.

Voltando ao salário mínimo, a discussão ainda gira em torno do valor para o qual ele deve passar. A defesa de uma quantia superior aos R$ 540 para assegurar a inflação de 2010 ganha cada vez mais aliados e esquenta as negociações no Congresso, com propostas que vão até R$ 580. Convenhamos: discussão em torno de mixaria. Enquanto fala-se em aumento de um dígito de porcentagem, discutiu-se para os subsídios dos nossos representantes a significativa elevação de 61,8%, no caso de deputados e senadores; e de 133,9% para o excelentíssimo presidente da República e seu vice. Por que tamanha diferença, se a Constituição diz que todos são iguais perante a lei? Uma pergunta que, ao que parece, nunca ninguém responderá com clareza, apenas com enrolação. E falando no que estabelece a legislação, de acordo com cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo pago no Brasil deveria ser de R$ 2.227,53. O valor, que leva em consideração o custo da cesta básica de alimentos em dezembro, é o mínimo necessário para atender às considerações presentes na Constituição no que se refere à alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, segundo a entidade. Os trabalhadores brasileiros estão longe, muito longe dessa realidade, ou melhor, desse sonho que deveria ser real. Mas para o cidadão comum parece que é assim: ou é pouco, ou é nada.

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