O triste retrato da política

“É claro que, até que se prove, não podemos condenar ninguém. Quem somos nós. Mas o ‘cheiro’ é meio ruim”

Que a política nacional não anda bem das pernas nós já sabemos (há cinco séculos, ao menos) e, nos últimos quatro anos, a coisa só piorou com a Operação Lava-Jato. A sujeira em nossa política ficou exacerbada para o mundo todo ver.

Em Ribeirão Pires, como não poderia deixar de ser, a situação, proporcionalmente, se assemelha. Na semana passada, “a bomba estourou” para o lado do então vereador Flávio Gomes (PPS) que, segundo a Justiça, teria obrigado dois de seus ex-chefes de gabinete a devolver mais de 90% de seus vencimentos e depositá-los na conta de sua irmã, Tânia Gomes da Silva, que estaria “por dentro” do esquema. Desta forma, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pelo afastamento do edil, prontamente acatado pela Câmara. Em seu lugar, Carlinhos Trindade (PPS) assumiu.

O triste nesta história – além de as vítimas perderem o que lhes pertence por direito – é saber que, supostamente, isso acontece em outros gabinetes. Não só por estas bandas, mas em muitos outros por aí. Outro episódio que chacoalhou as bases políticas nesta semana em Ribeirão foi uma reportagem do Diário do Grande ABC que aponta suposto parentesco entre o advogado José Eduardo Visentin e Edinaldo de Menezes, o Dedé da Folha (PPS).

Até então, sem problema. Só que Visentin – morador de Itanhaém e registrado como advogado em São Paulo – virou protagonista no Grande ABC, barrando dezenas de licitações ribeirãopirenses e sãobernadenses, governadas pelo grupo político opositor ao de Dedé. No mínimo, é curioso que um profissional que advogue em uma cidade e more em outra – ambas fora da região – tenha tanto interesse no que licitado por aqui.

É claro que, até que se prove, não podemos condenar ninguém. Quem somos nós. Mas o “cheiro” é meio ruim. E, depois de tudo que vimos acontecer na política brasileira nos últimos 518 anos, é bom não duvidarmos de absolutamente nada. Aos réus (Flávio e sua irmã) e ao advogado (por conta da estranheza), resta aguardar os próximos capítulos para provarem sua inocência (ou não) e se desvencilhar de quaisquer suspeitas (ou não).

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