O que esperar de Jair Bolsonaro?

Findo o processo eleitoral e as cisões que, não raro, atingiram até mesmo os seios familiares, o Brasil já sabe o nome de seu 38º presidente da república. Trata-se do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), que superou Fernando Haddad (PT) no segundo turno.

Entretanto, assim como em 2014, a maior parte da população não deu seu voto de confiança ao vencedor. Tivemos nada menos do que 21,30% de abstenções que, somadas aos brancos, nulos e eleitores do rival, mostram que o “capitão” está longe de ser escolha da maioria – quiçá unanimidade.

Dos votos totais, foram 39.3% para Bolsonaro e 31,9% para Fernando Haddad, ou seja, 7,3% de diferença. Paralelo a isso, 7,43% anularam o voto (o que já bastaria para ultrapassar a soma dos votos no vencedor) e outros 2,14% votaram em branco. Com as abstenções, temos então 28,9% de eleitores que se furtaram a participar do processo.

Destarte, esses números já apresentam a primeira grande dificuldade ao novo presidente: mostrar aos 60,8% de cidadãos brasileiros que não o endossaram que pode sim unificar um país ainda mais dividido que na eleição anterior. Para isso, terá que rever alguns discursos de campanha – o que certamente irá desagradar parte dos que o elegeram.

Outro ponto interessante é que – até por sua recusa em participar de debates mesmo depois da alta médica – sua eleição ganha ares de salto no escuro. Não se sabe exatamente o que Bolsonaro propõe para o país e tampouco se de fato está preparado para governar e obter sucesso no salto do Legislativo para o Executivo – algo que até mesmo parte de seus próprios eleitores reconhece. As principais propostas de governo, ao final das linhas, eram “mudar tudo o que está aí” e o antipetismo, algo muito simplório para um país com problemas complexos como o envelhecimento da população, a baixa geração de empregos e a economia que anda a passo de tartaruga.

Espera-se que nestes 61 dias até a posse as propostas sejam exibidas com mais clareza e que a população brasileira tenha, de fato, um norte do que pode esperar do novo governo. O Brasil precisa destas respostas de forma clara sob pena de testemunhar a tragédia ventilada aos quatro cantos pelos opositores dentro e fora da política de Jair Bolsonaro se tornar uma triste realidade.

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