O novo governo bate à porta

Chegamos ao final de mais um ano. E, para mal ou para bem, 2018 foi marcado por muita agitação. Tivemos Copa do Mundo, Eleições que trouxeram mudanças drásticas na orientação política do país com a vitória (porque não dizer) surpreendente de Jair Bolsonaro e, principalmente o início do desenho de um novo país.

O que não se sabe é qual será a influência nos próximos anos do Brasil. Mais uma vez, como fora em 2002, aparece a figura do “salvador da pátria”, aquele que, sozinho, carrega nas costas a esperança de toda uma nação que anseia por dias melhores. Foi assim com Lula, está sendo assim com o presidente eleito.

Embora isso possa assustar ou até mesmo causar certa repulsa em algumas pessoas, os dois têm muito em comum, começando pelo “fã clube”, aqueles que defendem a pessoa (e não a ideia ou as propostas para o país) com unhas e dentes. A seguir, temos também o lado do anseio por uma mudança radical ou, em linhas mais atuais, “mudar tudo o que está aí, ta ok?”, o que apenas reflete a insatisfação de grande parte da população com o sistema político.

É nesse ponto que está o X da questão. Ora, aposta-se todas as fichas em apenas um homem, mas teria ele sozinho a capacidade ou os superpoderes para mudar um sistema que já é falho há mais de 60 anos? Seria ele a pessoa que, mesmo após ficar 28 anos no Congresso e, para dizer o mínimo, fazendo vistas grossas para o que lá acontecia? Indo mais além: teria Jair Bolsonaro os meios para desfazer um sistema elaborado de corrupção que se intensificou no regime militar que ele mesmo exalta e perdura até os dias de hoje?

As primeiras notícias não são lá muito animadoras, já que o novo governo começou com odor de velho. O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sendo réu confesso em caso de corrupção. Outros indicados mostrando viés ideológico inadequado para o cargo (como o titular do Itamaraty, Ernesto Araújo) ou ainda com problemas jurídicos, como o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ironicamente filiado ao partido Novo, mas com hábitos velhos. Fora as polêmicas desnecessárias, como a mudança da embaixada ou ainda o menosprezo ao Mercosul.

O que se espera é que esses focos de crise se esvaiam desde o início oficial do novo governo, em 10 dias. O que se espera é um governo sereno, que tome as medidas duras que se fizerem necessárias, mas sem “ideologismos” ou medidas desastradas. Caso contrário, o Brasil pode acabar pagando caro mesmo sem ter a chamada culpa no cartório.

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