Merenda escolar: alimento sagrado

 

Absurdo, horrendo, inadmissível. São essas as palavras que definem os fatos mostrados em uma reportagem sobre a merenda servida em algumas escolas públicas do país, veiculada pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo, há duas semanas.

O que foi transmitido é de revirar o estômago, seja pelo estado da comida, seja por repúdio ao ato. Foram flagrados alimentos que necessitam de refrigeração chegando à escola totalmente expostos ao sol; embalagens sem nome do fabricante nem data de validade; produtos armazenados em locais inadequados, comida vencida, mofada, com bicho; escolas onde não há merenda.

É como se a obrigação da escola fosse apenas ensinar – o que também não tem sido feito a contento no Brasil, diga-se de passagem. Mas o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 53, garante a todos o direito à educação obrigatória e gratuita, buscando o pleno desenvolvimento da pessoa humana e o exercício da cidadania, além da preparação para o trabalho e, para isso, a alimentação tem importância fundamental, pois como diz o velho ditado: “saco vazio, não para em pé”.

Felizmente, há quem saiba disso e tem pelo alimento e pelas pessoas à quem ele é servido, o devido respeito.  No mesmo canal onde foram denunciados os horríveis casos descritos acima, a cidade de São Bernardo do Campo foi citada como um dos melhores exemplos de gestão da merenda escolar. Outra cidade que também é referência no que diz respeito à merenda é Ribeirão Pires. A alimentação é tida como um componente essencial para o processo pedagógico. A valorização da merenda no município ribeirãopirense é tanta, que uma das escolas, a Eng. Carlos Rohm, foi premiada pela Fundação Nestlé no ano passado pelas medidas adotadas para garantir melhoria na qualidade alimentar. Algumas escolas também possuem hortas, onde as crianças descobrem de onde vêm os alimentos e aprendem os cuidados para que cheguem à mesa limpos e saudáveis. Assim também é feito no Japão, onde comer bem é tarefa escolar e a Educação é tratada como coisa séria. Não é a toa que é um país de primeiro mundo. Lá, os alunos aprendem a valorizar os alimentos e ajudam a fiscalizar a qualidade do que estão comendo. Os funcionários envolvidos na preparação da comida têm de fazer exames médicos trimestrais. Toda a roupa é esterilizada diariamente e, duas vezes por ano, a cantina é fiscalizada por um conselho formado por especialistas escolhidos pela Câmara de Vereadores de cada cidade.

Como se vê, a merenda escolar não envolve só Educação. Envolve também Saúde, Cidadania, respeito e dignidade, quesitos os quais o Brasil, mesmo com bons exemplos como São Bernardo e Ribeirão Pires, ainda é repetente quando comparado a outros países.

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