Já é uma piada

No último domingo (22), humoristas da TV e dos palcos de teatro se manifestaram no Rio de Janeiro contra a censura ao humor nesse período de eleição.  O movimento cobra uma revisão do trecho da Lei Eleitoral (9.504) que prevê aplicação de multas de até R$ 100 mil a programas que usem “trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido político ou coligação”.

O que não dá pra entender é porque não se pode fazer piada do que na verdade já é uma piada. Assistir ao horário eleitoral é um verdadeiro show de humor, pois só rindo mesmo pra não chorar. Alguns candidatos deixam nítido que estão concorrendo a uma vaga política para ter um bom salário e todas as mordomias que ela proporciona, nada mais. É o caso de Francisco Everaldo Oliveira Silva, ou Tiririca, postulante a uma vaga de deputado federal representando São Paulo, pelo PR. Nada contra sua candidatura, se ele tivesse algo útil a mostrar. Em sua propaganda ele pergunta: “O que faz um deputado federal?” Em seguida, o próprio responde:  “Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto”. E finaliza: “Vote no Tiririca. Pior do que ‘tá’ não fica”.

E ainda querem que levem a política a sério? É pedir demais. O pior é que justamente por não levar mais a área a sério, o povo acaba elegendo um candidato apenas porque ele é legal, é simpático.

Se a política é algo que deve ser levado com tanta seriedade como prega a Lei Eleitoral, porque então não começar pelos seus candidatos?  Mulher Pera, Tiririca, Maguila e outros podem, claro, se candidatar, desde que tenham propostas, planos de realmente fazer alguma coisa pelo seu país. Só ter um corpo bonito, ou só saber fazer os outros rirem, então melhor continuar na profissão em que está.

Mas já que não há um processo seletivo dentro dos partidos para apresentar ao povo candidatos com conteúdo a mostrar e a executar, que os eleitores ‘peneirem’ as opções para que a piada fique sendo apenas alguns concorrentes e não um país inteiro.

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