Escola moderna, pais acomodados

“À partir do momento em que o acesso à escola foi facilitado, os pais da nova geração se ‘acomodaram’.”

Já se foi há muito o tempo em que era difícil de frequentar a escola. Em gerações passadas, havia a necessidade de, por exemplo, se comprar material escolar e uniforme, coisas que eram muito caras há 50, 40 anos atrás. Sem um desses itens, o aluno era barrado. Vários são os casos de pessoas que repetiram de ano por, literalmente, serem pobres.

Já nos dias de hoje, a situação é quase que totalmente inversa. O governo provê tudo, basicamente: Merenda, uniforme, material escolar. Sem contar materiais de consulta, como dicionários, livros, enciclopédias e, claro, computadores. As crianças de hoje, além de terem acesso à todas essas ferramentas – na rede pública, gratuitamente –, ainda possuem, em sua maioria, uma ferramenta que se tornou quase que vital para todos os seres humanos (com condições de adquirir um): O celular.

A tecnologia que nos move hoje em dia está muito mais evoluída do que nos tempos de nossos pais e avós. Esses pequenos aparelhos nos permitem fazer uma infinidade de coisas que, sem dúvida, era impensável décadas atrás. Por conta dessa popularização dos celulares, crianças começaram a mexer e a ter seus próprios aparelhos cada vez mais jovens e, claro, levam para a escola.

As crianças, agora, deixam o ensino de lado para acessar as redes sociais, jogar e fazer inúmeras outras coisas em seus “bichinhos de estimação”. É por isso que as escolas tentam barrar, na medida do possível, o acesso dos jovens, ao menos, à internet. Por conta disso também é que o Governo do Estado liberou nesta semana o acesso de celulares nas escolas estaduais para fins de aprendizado, sendo esta uma forma de diminuir o uso indiscriminado durante as aulas.

Outra questão acerca da educação que vemos atualmente é justamente a nítida dependência dos pais para com o Estado. À partir do momento em que o acesso à escola foi facilitado e os itens básicos para o aprendizado começaram a ser distribuídos sem custos, os pais da nova geração se “acomodaram”. Assim, qualquer atraso na entrega do material ou do uniforme já é motivo de críticas, principalmente nas redes sociais.

Agora, tentemos entender: Se a maioria dos alunos possui celulares – a maioria de última geração – e os utilizam indiscriminadamente nas salas de aula, desrespeitando o professor e colegas que querem realmente aprender, como os pais destes mesmos alunos se veem no direito de reclamar da ineficiência do sistema público educacional?

Sim, pagamos impostos. Sim, estamos acostumados a ter “tudo na mão”. Mas é hora de olhar para trás, ver como sofria-se para estudar. Muitos moravam longe de suas escolas e tinham que ir a pé. Portanto, é hora de tomarmos consciência de que estamos em situação muito melhor do que as pessoas do passado (apesar dos pesares), ou seja, parar de reclamar “de barriga cheia”.

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que aboliu castigos físicos, por exemplo, acabou também por deixar os jovens acharem que têm todos os direitos, inclusive o de desrespeitar seus mestres e colegas, sem que receba punição por isso. É justamente essa sensação de impunidade que deve ser trabalhada na mente da nova geração. Assim, teremos pessoas melhores e de bem no futuro.

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