Brasil, um país de analfabetos?

Uma pesquisa recente, o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), realizada pela ONG Ação Educativa e o IBOPE, que mensura o nível de alfabetismo funcional da população brasileira entre 15 e 64 anos, mostrou um dado alarmante: o Brasil é um país repleto de analfabetos funcionais.

Segundo a pesquisa mais atual, apenas 8% da população brasileira tem grau “proficiente”, ou seja, é capaz de compreender e elaborar textos de diferentes tipos, como mensagens, descrições ou argumentação, além de conseguir opinar com clareza sobre o posicionamento ou estilo do autor de um texto, além de interpretar gráficos, tabelas, além de desenvolver planejamentos, controles e elaboração.

Parece elementar? Mas não é. No mercado de trabalho ou até mesmo na administração pública, esses são conhecimentos desejáveis. Mais ainda: devem ser de domínio de qualquer um que tenha concluído o ensino médio (antigo Colegial), ou seja, pessoas com cerca de 15 anos de idade.

O que se depreende com esses dados é preocupante. Mostra que uma elite, neste país, detém algo que deveria ser de domínio comum: a língua portuguesa. Mostra também o quanto é defasado nosso sistema de ensino e, pior que isso: o quão cruel isso pode ser com os menos favorecidos.

Olhando os dados mais a fundo, a situação piora: 27% das pessoas são analfabetos funcionais, ou seja, estão entre os graus analfabeto e rudimentar e, embora possam saber ler e escrever, o fazem de forma básica, sem saber, por exemplo, interpretar uma ironia ou entender o que, de fato um gráfico quer dizer.

Isso posto, ficam as perguntas: será essa a pátria educadora que desejamos? Será esse o país do futuro? Como iremos sair da crise sem uma população preparada?

É histórico o parco investimento em educação no Brasil, assim como a falta de interesse em prover educação de qualidade. A “novidade” é que o pouco (ou quase nada) que se faz para que, de fato, um nível de excelência seja atingido começa a deixar marcas no elo mais fraco da corrente populacional.

Infelizmente, neste caso, não é exagero dizer que temos uma geração perdida de pessoas que, por culpa da incompetência generalizada, terão menos chances na vida do que outras. Isso posto, uma correção de rota é urgente. O país precisa de um projeto educacional sério, também para possibilitar um projeto viável e competente para o futuro. Neste momento, estamos ficando para trás. Não podemos deixar que essa situação perdure.

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