Bom senso é fundamental

Mobilidade urbana é o tema da vez em grandes cidades de todo o planeta. Com o aumento no número de veículos nas ruas e a impossibilidade de se aumentar as vias na mesma proporção, criou-se um verdadeiro quebra-cabeça para harmonizar todos os entes do trânsito em um mesmo ambiente.

O vilão da história, no caso é o carro. Mais do que meio de transporte, ele significa (por obra e graça da publicidade), a liberdade de ir e vir com conforto e rapidez, sem se prender a horários ou itinerários. Não há jovem, seja homem ou mulher, que não sonhe em ter o seu, já que ele também simboliza a passagem do mundo infantil para o adulto, a abertura de novas e ilimitadas portas.

Todavia, está mais do que provado que o número deles extrapolou o limite do suportável, seja pela questão da falta de espaço físico nas cidades ou por conta da poluição (e consequentes problemas de saúde) por eles gerada. Há alguns anos, chegou-se à conclusão de que deveríamos valorizar um ente que andava meio enfraquecido no mundo selvagem do trânsito: as bicicletas.

Para viabilizar a troca das quatro pelas duas rodas, cidades como São Paulo investiram em ciclovias, faixas canalizadas que permitem às “magrelas” andar com segurança. Mas, assim como em sua criação, esta semana elas também entraram na alça de mira das críticas, após duas mortes por atropelamento, uma delas de um idoso de 78 anos, na ciclovia sob o Minhocão, na Avenida Amaral Gurgel.

Ora, um mau cidadão, que infringe as leis de trânsito, continuará o sendo mesmo usando uma bicicleta. O que se observa é que alguns ciclistas, assim como fazem motociclistas e motoristas, exageram na velocidade. No caso da ciclofaixa, há uma tênue harmonia que deve ser mantida com os pedestres. A bem da verdade, ambos são uma espécie de corpos que se repelem justamente por dividir o mesmo espaço. No caso do Minhocão, a solução encontrada foi construir a faixa de ciclistas no canteiro central, onde estão pontos de ônibus e faixas de pedestres. Claro que há regras específicas, como uma velocidade de tráfego condizente com o local, mas, infelizmente, nem sempre elas são seguidas, causando acidentes como os desta semana.

Vale ressaltar que, além da fiscalização, é fundamental que as pessoas respeitem as leis. Estamos falando de bicicletas, mas o mesmo vale para convivência mutua, um dos grandes desafios da sociedade atual. O que não pode acontecer é uma “caça às bruxas” contra os ciclistas e as ciclovias por conta de um ou dois sem senso de ridículo. Com um pouco de bom senso, tudo é solucionável – e evitaremos assim mais fatalidades dentro e fora das ciclovias.

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