As pequenas corrupções que levam às grandes

Corrupção. Essas nove letras são as responsáveis por grande parte das reclamações e dores de cabeça na sociedade brasileira. Acontece que, abaixo da superfície, ela tem várias formas e tamanhos, para todos os gostos.

Começa pelo cidadão que pede para um amigo a, por exemplo, cortar a fila para a entrada em um bar. Passa também pela “carteirada”, quando o sujeito, fazendo uso de suas boas relações ou do poder exercido por um cargo que ocupa, obtém pequenas vantagens, seja um ingresso grátis para determinado evento ou a “caixinha” paga para evitar uma multa.

Note que todos esses exemplos não atingem efetivamente aos políticos, mostrando que a atuação errônea na verdade está encrustada em nossa sociedade. Mas, falaremos de um caso que os envolve agora e que é mais comum do que parece. Como todos sabem, há cargos obtidos via concurso (que, ao menos em tese, é um formato imparcial) e via indicação. Esses cargos, de livre provimento, são dados a pessoas de confiança dos políticos e, não raro, gozam de remuneração mais alta que a média da sociedade.

Ocorre que, por trás disso, há uma prática nefasta feita por uma parte considerável dos agentes públicos donos das indicações: o “retorno”. Trata-se de uma espécie de “pedágio” que é cobrado dos indicados aos cargos de confiança que, em casos extremos, chega a 90% dos vencimentos. Com isso, o dinheiro que cai na conta do funcionário a título de salário é devolvido ao “padrinho” que acaba por engordar seus vencimentos de forma indevida.

Vamos citar um caso similar que está sendo investigado pelo Ministério Público do estado na Câmara de São Paulo, a maior do país, com 55 vereadores que ganham mais de R$ 19 mil por mês. Segundo o portal The Intercept, o vereador Zé Turin, único eleito pelo nanico PHS é alvo de denúncia apresentada por seis ex-funcionários que teriam sido obrigados a realizar o retorno na forma de um empréstimo. Ocorre que os empregados nunca mais viram (e nem têm esperança de reaver) o dinheiro.

Mesmo com gordos vencimentos e dono de uma rede de açougues, o nobre edil alegava necessitar do dinheiro por ter problemas financeiros. Temerosos de perder o emprego, os funcionários realizaram o empréstimo mediante depósitos na conta do filho de Zé Turin. Para piorar a situação ainda há denúncias da existência de funcionários fantasmas no gabinete, que só apareceriam para assinar, uma vez por mês, o livro de ponto e também da efetiva cobrança do “retorno”. Ou seja: típica conduta de enriquecimento sem justa causa, portanto crime – além, claro, da violação à lei trabalhista.

Esse é apenas um exemplo dos muitos de corrupção que ocorrem em todas as cidades. Até mesmo Ribeirão Pires tem um caso similar sob investigação. Ou seja: mais do que um problema de Brasília, é algo que deve ser solucionado em nosso dia a dia. Afinal de contas, a organização vem de casa, não é mesmo?

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