A velha política se debate no leito de morte

No último sábado (02) chegou ao fim o prazo em que os candidatos nas próximas eleições, marcadas para 2 de outubro poderiam inaugurar suas obras e, por conta disso, podemos declarar oficialmente iniciada a Corrida Eleitoral.

Em muitas cidades houve uma maratona de inaugurações, chegando a até mesmo ser batido um recorde: segundo a equipe do Poder 360, com dados oficiais das Prefeituras, houve um aumento de até 1600% no número de cerimônias oficiais de entrega de obras por parte dos candidatos à reeleição. O número absurdo foi obtido em Fortaleza (CE), onde o prefeito Roberto Cláudio (PDT) realizou 51 cerimônias (quase duas por dia) em junho de 2016 contra três no mesmo mês do ano anterior. O prefeito cearense, no entanto, não chegou aos pés do prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto que, em sua rede social, anunciou a entrega de 200 (!) obras, um “recorde histórico” (segundo o próprio).

De fato, obras são demanda da maior parte das cidades brasileiras, uma vez que muitas delas ainda estão em formação. Contudo, se um governante teve três anos e meio (ou 42 meses) para fazê-las e inaugurá-las com calma, mostrando que são gestores ponderados e planejados, por que deixar tudo para a última hora? Usando ACM Neto como exemplo, teríamos, grosso modo, uma média de 4,8 obras entregues por mês, pouco mais de uma por semana de governo, algo que mostraria eficácia e qualidade na gestão pública. Em uma conta mais conservadora, descartando os primeiros seis meses, esta média subiria para 5,5 ou seja, mais de uma obra por semana. Não há como não pensar que esses atos encavalados tenham viés eleitoreiro, sendo uma forma tardia de mostrar a “eficácia” que pode ter faltado anteriormente.

Isso posto, fica a prova de que é fundamental a aprovação da PEC 113-A/15, a “minirreforma política”, que veda, entre outras coisas, a reeleição consecutiva para o mesmo cargo do Presidente da República, dos Governadores de Estado e do Distrito Federal, dos Prefeitos e de quem os houver sucedido ou substituído nos seis meses anteriores ao pleito. Sem a preocupação de ter que amealhar votos para a manutenção no cargo, quem sabe não tenhamos uma eficácia maior?

Essa proposta, que já esteve em plenário em 2007 e foi retirada, aguarda pela apreciação do plenário desde abril, ou seja, já deveria ter sido votada. Entretanto, os velhos ranços da política fazem com que ela fique ao bel-prazer dos senadores.

A grande verdade é que esses métodos dos anos 30 já não funcionam mais. O povo, hoje, tem mais acesso à informação e mais condições para analisar um mandato do que unicamente pelo número de obras inauguradas (ou não). Uma gestão que se refestela em um confortável gabinete e só vai às ruas na hora do voto já não convence ninguém.

É por isso que há o clamor por uma política nova, com métodos novos e pensamento novo. Olhando os levantamentos oficiais e extraoficiais é possível perceber que há uma disposição pela renovação não só ideológica mas também com pessoas diferentes. Outubro está chegando e, pelo visto, teremos grandes surpresas e um Brasil renovado. Uma coisa é certa: o que aí está, não permanecerá.

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