Quando grandes tragédias acometem nosso país, como as destruições causadas pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, que mataram centenas de pessoas, vemos como o povo brasileiro é solidário e tem respeito pelo próximo. Nas mais diversas cidades, quem felizmente tem muito colabora doando nessa mesma proporção; e quem tem pouco, não se importa em repartir para ajudar aqueles que nada têm.
Mas sempre há exceções. Tem gente que se passa por falso voluntário para tentar roubar as doações destinadas aos cariocas.
Tem político que, mesmo diante da catástrofe, só visita área de risco em período de eleição e depois, haja o que houver, nunca mais volta lá. A população de Mauá, que tem seis moradores a menos, vítimas das chuvas, está sentindo isso na pele. Além de não aparecer nos locais mais atingidos para dar uma palavra de conforto que seja a quem perdeu tudo, inclusive os parentes, o Chefe do Executivo do município vizinho riu, durante entrevista coletiva realizada no dia 13, ao ser questionado sobre o número de famílias que vivem em áreas de risco. A resposta dada foi: “Eu também queria saber”.
Faltou respeito e solidariedade com uma infinidade de pessoas que ficaram sem energia elétrica mais de três dias após a forte chuva do dia 18. A demanda foi maior do que a Eletropaulo podia atender, mas como ficaram os alimentos na geladeira dessa gente e dos comércios, por exemplo? Não ficaram, pois estragaram todos. Sem contar o sentimento de insegurança causado pela escuridão das ruas, que facilita a ação de criminosos. Ao telefonar para a concessionária, nenhum prazo ou cronograma para o restabelecimento da energia, diferentemente do que acontece nas contas, quem tem prazos bem explícitos.
No dicionário, entre as definições da palavra solidariedade, está: “Relação de responsabilidade entre pessoas unidas por interesses comuns, de maneira que cada elemento do grupo se sinta na obrigação moral de apoiar o(s) outro(s)”. A população é solidária ao pagar suas contas e impostos em dia, mas, nessas horas, essa solidariedade não é recíproca.
Mas falta também respeito e solidariedade daqueles que jogam lixo nas ruas, do menor papel de bala ao maior dos entulhos, e que depois assiste a cenas estarrecedoras toda vez que chove, causadas por essa ação, e ainda põem a culpa em São Pedro.
É uma pena que a solidariedade e o respeito não partam de todos os lados.