Destaque: Se há alguns anos celebrávamos as datas comemorativas com fervor, hoje já não é desta maneira
O último dia 13 de maio marcou os 125 anos da assinatura da Lei Áurea, que marcou a abolição da escravatura, regime de exploração de trabalhos forçados que vigorou durante as eras Colonial e Imperial no Brasil.
Assinada pela princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Gonzaga de Bragança, ela colocou fim a um regime desumano e cruel que, por vias tortas, acabou sendo vital para a economia do país à época, que carecia de mão de obra principalmente para os trabalhos pesados da lavoura como a extração da cana e o trabalho nos engenhos. Como os religiosos eram contra a escravidão indígena mas fizeram vista grossa para a dos africanos, o sistema perdurou por quase 300 anos até que o crescimento do trabalho assalariado e a industrialização fizeram com que o fim do regime escravista se tornasse inevitável.
Usualmente, grandes fatos são lembrados apenas em datas “cheias” (as de final zero e cinco), mas dessa vez a data passou praticamente em branco. Nos grandes portais, nos jornais, telejornais, pouco se falou da história até mesmo como forma de honrar a luta de guerreiros nacionais como Zumbi dos Palmares e Chica da Silva e estrangeiros, como Martin Luther King, Muhammad Ali e Malcolm X, para citar alguns. Mesmo nas escolas, pouco se fala sobre o porquê destes “pontos vermelhos” no calendário.
Esse breve exemplo mostra que estamos maltratando a história do Brasil. Se há alguns anos celebrávamos as datas comemorativas com fervor, hoje já não é desta maneira. Dia da Abolição da Escravatura, Dia do Índio ou Dia da Bandeira já não são mais lembrados como se deveria, promovendo a reflexão sobre o real significado da homenagem. Verdade seja dita, hoje o Hino Nacional sequer é executado nas escolas, um reflexo da falta de bons modos, respeito e educação que, infelizmente, se generalizou.
Temos diversos feriados e dias comemorativos em nosso calendário que, no final, se tornam datas vazias, como o Dia do Trabalho e até mesmo o Natal que, de reunião familiar para celebrar o nascimento de Jesus Cristo, passou a ser mera data comercial. A sociedade precisa rever alguns conceitos antes que seja tarde demais. Caso contrário, ela não estará enterrando não só sua história, mas sim colocando um ponto final em sua própria existência.