Uma pesquisa realizada pela Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) mostrou as principais transformações de São Paulo nos últimos dez anos e uma constatação chamou a atenção: os acidentes no trânsito causam mais mortes do que os homicídios. Em 2010, foram mais de 7 mil mortes por acidentes contra 5.600 homicídios.
Jovens entre 18 e 34 anos lideram como o grupo que mais recebe indenizações do seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre). Das 366.356 pessoas acidentadas em 2011, 186.841 (51%) eram jovens. No ano passado, foram gastos mais de R$ 2,287 bilhões com o pagamento do seguro, batendo o recorde de indenizações pagas, com um aumento de 45% em relação ao ano de 2010.
Diante desse cenário típico de uma guerra e com estatísticas cada vez mais alarmantes – a cada ano morrem 40 mil pessoas nas ruas e estradas do país – os brasileiros querem punições mais rigorosas para motoristas que provocam acidentes com vítimas, resultantes da imprudência ou da combinação fatal de álcool e direção.
Pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados, que discute mudanças na legislação, apontou que 62% da população quer penas mais severas para quem dirige alcoolizado ou de forma irresponsável, inclusive com o pagamento de indenizações às vítimas de acidentes de trânsito e suas famílias. Além disso, 26,48% das 1.263 pessoas ouvidas no levantamento defendem que os motoristas que se recusarem a fazer o teste do bafômetro devem ser presos por embriaguez ao volante, sem a necessidade de teste clínico. Para 23,67%, a lei precisa estabelecer uma definição melhor do que é embriaguez.
Atualmente, motoristas flagrados com até 0,33 miligramas de álcool por litro de ar expelido pagam multa de R$ 957 e recebem 7 pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação), mas não são presos. Acima deste limite o condutor é detido e processado criminalmente.
A cada ano, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) gasta, em média, R$ 8 bilhões com as despesas decorrentes das 146 mil internações causadas por acidentes de trânsito.
No ano passado, o Senado aprovou a lei que torna crime dirigir com qualquer concentração de álcool no sangue, mas a medida ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados.