A perda de um ente querido, vítima da irresponsabilidade no trânsito, dói muito e dói ainda mais não ver os autores das tragédias serem punidos como deveriam. O engenheiro elétrico e palestrante, Rafael Baltresca, 32 anos, sente na pele essa dor. Sua mãe, Míriam Baltresca, 58 anos, e a irmã Bruna, de 29, foram a um shopping em frente à Marginal Pinheiros, no dia 17 de setembro. Quando saíram do local, foram atropeladas por um carro em alta velocidade. De acordo com o boletim de ocorrência, o motorista, Marcos Alexandre Martins, de 33 anos, que se negou a fazer o teste do bafômetro, apresentava “sinais de embriaguez”. Martins foi preso em flagrante por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar.
Para lutar que a justiça seja feita nesse e em todos os casos que, dia após dia tem se tornado cada vez mais comuns, Rafael encabeçou a campanha “Não Foi Acidente”. No site www.naofoiacidente.org está disponível uma petição que pede punições mais severas aos crimes de trânsito que envolvam embriaguez ao volante. Para enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei de iniciativa popular visando as mudanças, são necessárias 1,3 milhão de assinaturas. Até o momento, aproximadamente 200 mil já foram coletadas.
No último sábado (19), o movimento UDVV (União em Defesa das Vítimas de Violência) promoveu uma caminhada no Parque do Ibirapuera para promover o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito e ressaltou a importância da participação da sociedade na campanha que clama por mais rigidez na legislação. Papel esse que já deveria estar sendo desempenhado pelos políticos, diante de tanta imprudência e irresponsabilidade no trânsito. “Pensamos que o governo deveria tomar essas providências, mas, como não o faz, não queremos ver mais e mais mortes; fazemos por nós mesmos”, fala Rafael.
O rapaz destaca que o pontapé inicial para reverter a triste situação que o país tem acompanhando diariamente, é investir em educação. “É um problema sério que deve ser tratado rapidamente. Apenas no Brasil, são 40.000 mortes por ano em acidentes de transporte; aproximadamente 3.000 por mês. Ou nosso governo acata nosso clamor, mudando leis e investindo em conscientização, ou ainda vamos ver muitos entes queridos mortos”, concluiu.