O Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, acaba de finalizar uma série de propostas que visa à redução do número de acidentes envolvendo motociclistas. A ação é resultado do I Fórum Saúde e Trânsito, promovido em junho pelo hospital.
Diante dos números crescentes de acidentes e da alta mortalidade e morbidade, é consenso geral entre os segmentos que participaram do fórum a necessidade de maior rigor para a obtenção da carteira de habilitação para motocicleta, da regulamentação do tráfego deste tipo de veículo levando em conta suas características peculiares, e regulamentação da profissão de moto-frete.
Em dez anos, os atendimentos pré-hospitalares feitos pelo grupo de resgate do corpo de bombeiros a vítimas de acidentes com motocicletas aumentaram 148,6% no município de São Paulo. Em 2010 foram 18.081 ocorrências, contra 7.271 atendimentos realizados em 2001.
Os atendimentos aumentam no segundo semestre. A média de ocorrências neste período é 56% maior que nos meses do primeiro semestre. Nos seis últimos meses do ano, a média foi de 8.896 atendimentos.
A frota de motocicletas no estado de São Paulo também cresceu no mesmo período. O aumento foi de 221%, chegando em 2010 a 6,79 milhões de veículos.
Entre as propostas estão a inclusão de formação de direção defensiva e exame de habilitação adequado às condições de trânsito que serão enfrentadas pelos motociclistas, com maior rigor na primeira habilitação. Pesquisa realizada pelo HC e divulgada em julho demonstrava que apenas 25% dos motoristas de motos aprenderam a dirigir em autoescola. Também é sugestão se criar categorias na habilitação de motociclistas.
De acordo com o texto resultante dos debates, é primordial a definição das áreas de trânsito das motocicletas entre as faixas de rolamento dos automóveis e as regras de circulação das motos nas faixas de rolamento regulares nas vias sem motofaixas exclusivas ou compartilhadas.
Já a velocidade máxima de circulação das motocicletas deve ser específica de acordo com a característica de cada via.
As propostas são voltadas para ações de engenharia de trânsito, para ações de educação e consciência e de fiscalização, mas colocadas dentro da perspectiva de redução de acidentes e morbidade.
“A importância do I Fórum foi permitir que todos os setores interessados se manifestassem e chegassem a estas propostas, que na verdade é uma tentativa de se criar um movimento de mobilização social, onde todos os participantes tenham consciência do seu papel,” explica a médica fisiatra Julia Greve, coordenadora da ação.