Campanha: Rejeite um ficha suja abonado pela justiça

Com a proximidade das eleições, as movimentações de bastidores com vistas a viabilizar nomes para o pleito do ano que vem está a pleno vapor. Convites, telefonemas e até mesmo esforços pessoais (na forma de campanha antecipada disfarçada) têm acontecido diariamente.

Mas o que mais espanta são os bastidores é o que acontece por trás das cortinas. Com o advento da Lei Ficha Limpa que, lembremos, é de iniciativa popular, muitos políticos habituados a “sambar na cara da sociedade” se viram acuados, pois o que seria mera irregularidade ou uma inelegibilidade “para inglês ver” (de três anos que, via de regra, terminava antes do pleito que interessava ao político infrator) acabou por ter um tratamento similar a um crime – ou até mais pesado, já que eles não teriam o benefício da progressão de regime após ter um terço da pena cumprido.

Hoje, a pouco menos de 5 meses para o fim do prazo de filiação eleitoral, nota-se uma verdadeira correria aos saguões dos Tribunais de Contas a fim de tentar reverter condenações por mau uso de dinheiro público – a principal origem dos chamados Fichas Sujas, aqueles que não estão aptos a concorrer por já provarem que não são dignos de confiança por parte da população.

A lógica é simples. Um político eleito, seja ele prefeito, vereador ou outro cargo qualquer tem por dever zelar pelas leis. Se ele as descumpriu, quem garante que irá cumpri-las no futuro? Se ele fez mau uso do dinheiro público uma vez, quem garante que não o fará novamente? E mais ainda, se um cidadão descumpre as leis, comete um crime e deve pagar por ele, por que um político não pode pagar pelos seus delitos, uma vez que afetam toda a sociedade?

Como exemplo, podemos citar o ex-vice-prefeito Dedé da Folha que, segundo fontes fidedignas, tenta reverter algumas das condenações que lhe deixaram inelegível. Ele teve suas contas, enquanto presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Pires, julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas. Essas condenações lhe renderam o impedimento de disputar eleições até 2021, mas agora ele tenta “no tapetão” driblar a regra e se colocar como candidato. Ou talvez virar uma espécie de “ficha suja abonado”. Ora, regras são regras e devem ser cumpridas é o que todos querem, até para que a credibilidade da classe política volte.

O que se espera é que os nobres magistrados cumpram a lei. Se há irregularidade, que seja mantida a pena e não se caia na vala comum da legislação ser mais pesada para uns do que para outros. Queira Deus que o fato de boa parte dos auditores do órgão fiscalizador ser próxima ao PPS não seja um indicativo de que as coisas possam mudar por “forças ocultas” – até porque disso o povo já está saturado.

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