O salto plataforma pode até parecer mais confortável, mas pesquisa realizada pela USP (Universidade de São Paulo) mostra que ele é mais prejudicial à circulação do sangue nas pernas que o salto agulha.
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A pesquisa teve duas fases. Em uma delas, o cirurgião vascular e pesquisador da USP, Wagner Tedeschi Filho, avaliou 30 voluntárias saudáveis, com idade entre 20 e 35 anos. Cada uma repetiu o mesmo exame quatro vezes: usando um salto plataforma de 7 cm, um agulha de 7 cm, um de 3,5 cm e descalça. O resultado constatou que todos os saltos maiores de 3,5 cm são prejudiciais à circulação, podendo causar varizes, vasinhos, flebites (inflamação da parede de uma veia) e inchaço.
O que tornou o plataforma com fama de mau foi o resultado do exame que media o volume residual venoso. Enquanto o percentual considerado normal desta taxa é 35%, após o uso da plataforma as mulheres tiveram taxa média de 59%. No caso do salto agulha, o percentual foi de 56%. Já o salto mais baixo, de 3,5 cm, apresentou volume residual venoso de 49%.
Para entender de que forma o salto compromete a circulação e influencia o percentual do volume residual, é preciso entender a diferença entre o sangue arterial e o venoso.
O arterial, explica Tedeschi, sai do coração “limpo” e vai “abastecer” de oxigênio as extremidades do corpo, no caso, as pernas. O sangue venoso é o inverso: ele sai das extremidades do corpo, é pobre em oxigênio – que já foi distribuído – e segue em direção ao coração. Se no meio do caminho ele encontra as veias contraídas pela panturrilha, observa o médico, vai ocorrer o acúmulo de sangue, sobrecarregando as veias. Daí para frente, surgem as conseqüências, velhas conhecidas das mulheres: vasinhos, inchaço, varizes, dor e sensação de peso nas pernas.
Segundo Tedeschi, o salto plataforma é mais prejudicial à circulação justamente por apoiar melhor o pé, o que compromete a circulação do sangue venoso, que já enfrenta a força da gravidade no percurso em direção ao coração.
