O avesso do avesso

Há 30 anos, Tião Carreiro e Pardinho já avisavam: “O Mundo está do Avesso”. E não é que está mesmo?

Alguns dos principais assuntos recentes em nosso humilde planetinha são provas disso. Começando pelo macro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou a construção (ou ampliação) do muro existente na fronteira com o México, retrocesso que remonta ao pós-Segunda Guerra, quando Berlim teve um muro erguido como um simbolismo da divisão entre ocidente (com influência capitalista) e oriente (com influência comunista). O “muro da vergonha” foi derrubado em 1989 e ganhou novo simbolismo: o do fim da Guerra Fria e do início de tempos de evolução em paz e harmonia.

Na semana passada, houve o caso de um jogador do Paulista de Jundiaí que usou os documentos de um amigo que está preso no Rio de Janeiro afim de diminuir a idade, o famoso “gato” para ter vantagem física e técnica jogando contra atletas mais novos, o que poderia lhe abrir portas no restrito mundo do futebol profissional. A gatunagem (com o perdão do trocadilho) causou a eliminação do seu time da final da Copa São Paulo, prejudicando as carreiras de todos os seus colegas de equipe que perderam tanto a chance de ter um jogo transmitido ao vivo na TV Globo (contra o Corinthians), o que poderia ser o primeiro passo rumo a um futuro melhor. O “malandro”, melhor dizendo falsário, acabou ganhando uma vaga na equipe profissional do Audax, enquanto seus colegas de time, que jogaram de forma honesta, foram prejudicados e talvez possam ter suas carreiras abreviadas.

Chegando ao micro, há alguns dias vemos em Ribeirão Pires uma espécie de “campanha” contra o pagamento da dívida da Prefeitura com a Ribeirão Luz, empresa responsável pela manutenção da iluminação pública da cidade, com uma ilação de que a quitação da dívida teria se dado por alguma negociata política de bastidores.

Sucintamente, há no mínimo uma “cegueira seletiva” neste caso. Afinal de contas, como foi reportado em mais de uma capa do Mais Notícias (e de outros jornais), todo o problema com a iluminação pública se deu por conta de um calote monumental dado pela gestão Saulo Benevides (mais de R$ 2 milhões) fazendo a empresa suspender seus serviços. A dívida foi renegociada, não foi honrada outra vez e resultou em nova interrupção, deixando a cidade às escuras. E dinheiro havia, já que todos nós, cidadãos de Ribeirão Pires, bancamos a maior parte da fatura por meio da CIP (Contribuição de Iluminação Pública) cobrada mensalmente na conta de luz – e que nós, no ano passado, noticiamos que estava sendo “embolsada” sem que fosse utilizada para seu verdadeiro fim. O mais engraçado é ver que pessoas ligadas a um partido político que recebeu apoio do governo anterior nas eleições agora vêm à imprensa dizer que querem entrar na Justiça para suspender o pagamento. Por que não o fizeram no ano passado? A resposta parece clara.

Como nem relógio trabalha de graça, a gestão Kiko Teixeira, de cara, teve que acertar a dívida, para o serviço ser retomado aos poucos, já que a Ribeirão Luz ficou, na prática, 4 meses sem operar e agora, pouco a pouco, a situação vai sendo normalizada – e não é exagero dizer que serão necessários outros quatro meses para que a situação fique de acordo.

Ou seja: há uma empresa contratada para prestar um serviço que não recebeu (assim como muitos outros fornecedores). Quando a Prefeitura cumpre sua obrigação (pagar, independente de quem sejam os sócios), faz-se “politicagem” por meio da imprensa para tentar implantar o “quanto pior melhor” ao dizer que esses valores não deveriam ser pagos. Isso posto perguntamos: E se o veículo de comunicação em questão tivesse débitos em aberto a receber, será que também não cobraria? Pois é caros leitores, com O mundo está ou não está do avesso?

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