Não sobrará ninguém?

A medida em que as investigações da Operação Lava Jato se intensificam fica comprovado o que todos já sabiam: a corrupção no Brasil é endêmica. Passada a fase em que o PT estava no foco, o que se vê são indícios (documentais, inclusive) de que não há partido que se salve.

A última revelação feita pela Polícia Federal acertou em cheio a política do Grande ABC, com a divulgação de uma lista de contabilidade paralela feita pela construtora Odebrecht que inclui o nome de diversos nomes importantes e conhecidos que teriam recebido doações irregulares para suas respectivas campanhas eleitorais.

Vanessa Damo, Nilson Bonome, Luiz Marinho, Carlos Grana, Donisete Braga, Aidan Ravin, Chiquinho do Zaíra e Átila Jacomussi, são alguns dos nomes do ABC que apareceram em lista apreendida em fevereiro pela força-tarefa da Lava Jato, lista essa “engrandecida” por nomes do quilate de Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin, Eduardo Campos, Eduardo Cunha, Eduardo Paes, Fernando Haddad, Gabriel Chalita, José Sarney, Celso Russomano, Paulinho da Força, Aloízio Mercadante, Roseana Sarney, Manuela D’Ávila e Agnelo Queiroz, para citar alguns. Não somos juízes para dizer se são culpados ou inocentes, mas é seguro dizer que todos devem ser investigados para ao menos esclarecer o porquê de estar neste “hall da fama”.

Fato é que o desdobramento das investigações pode mudar o futuro, uma vez que boa parte destes nomes irá se candidatar ou ao menos apoiar algum candidato nas eleições de outubro. Obviamente, não é difícil ver o que acontecerá com estas “eternas amizades”. Muito provavelmente se perderão no tempo e espaço. Mais ainda, da lista do ABC, Grana, Donisete, Átila e Aidan são pré-candidatos, o que pode inviabilizar seus projetos políticos – ainda que seja provada inocência, já que a opinião pública tem sido levada a acatar indícios como provas inexoráveis.

Falando em provas, os documentos deixam pouca margem para dúvidas. Há comprovantes bancários de transferências para contas de políticos, planilhas com nomes e apelidos, locais e até a unidade de negócio de onde o dinheiro era originado, dentre os vários braços da Odebrecht que – verdade seja dita – cresceu e saiu de Salvador para o mundo às custas do Estado. Não por acaso, é a empreiteira favorita de 9 entre 10 políticos. Lembremos ainda que a Odebrecht fez diversas obras na região, chegando até mesmo a assumir o controle da distribuição de água em Mauá.

Para não sermos injustos, um outro detalhe chama a atenção: não apenas a construtora baiana fazia parte do esquema que era batizado “Esporte Clube Unidos Venceremos”.

Isso posto, fica a pergunta: não sobrará ninguém? Temos nossa política de fato infecta de maus elementos? Como fica a credibilidade dos nossos governantes? Perguntas difíceis de responder, mas que deverão ficar mais claras nos próximos meses.

A revolução está só começando. E será televisionada ao vivo e em cores.

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