Muhammad Ali: o mito que marcou a humanidade

Um mito que deixou a terra e ganhou a memória. Assim podemos definir Cassius Marcellus Clay Jr., um dos maiores atletas que a história do mundo já teve notícia. Mais conhecido por seu nome islâmico, Muhammad Ali, foi um homem que deixou sua marca na história tendo um legado que será reconhecido e respeitado pelas gerações anteriores e futuras.

O garoto do Kentucky é detentor de uma das mais ricas histórias de vida. Ao mesmo tempo em que não se preocupava com falsas modéstias – como dizer, sem papas na língua que era o melhor do mundo (e era), também tinha como marcas a superação e o fato de nunca abaixar a cabeça para qualquer adversário – seja ele quem fosse.

Seu nome de batismo, inspirado em um fazendeiro de seu estado que aboliu os próprios escravos (entre eles o seu bisavô) já mostrava que era um garoto destinado a combater as desigualdades do mundo, como o fato de, naquela época, os negros não poderem frequentar os mesmos espaços que os brancos, como banheiros públicos. Para isso, usou seus punhos como arma e sua mente como munição.

Entrou no boxe por intermédio de um policial que, após registrar o roubo de sua bicicleta o levou para uma academia de boxe, aos 12 anos. Aos 18, já era campeão olímpico. Aos 22 era campeão mundial.

Do topo do mundo é muito mais fácil proferir qualquer palavra e Clay sabia disso. Contemporâneo de nomes importantes para a sociedade, como Malcom X, ele só foi ter noção do quão dura era a vida dos negros ao visitar a África pela primeira vez. Recebido como um rei, desmistificou a ideia de que o continente era formado por savanas, animais selvagens e caçadores brancos. Repensou a vida e deixou de ser um esportista para se tornar um mito. Convertido ao islamismo, veio à luz Muhammad Ali.

Diferente de Clay, Ali não se submetia a ser uma espécie de “entertainer” para brancos endinheirados. Ele tinha noção do quanto as desigualdades sociais prejudicam o mundo. Sempre de cabeça erguida, recusou-se a integrar o exército na guerra do Vietnã, uma decisão que acabou por lhe custar a liberdade e os títulos como atleta e até mesmo a permissão para trabalhar em 1967, uma maneira de servir de “exemplo” para outros, sendo inocentado cinco anos mais tarde.

Voltou a lutar em 71, a tempo de protagonizar os três maiores combates de todos os tempos no boxe, dois contra Joe Frazier e a chamada “luta do século”, contra George Foreman, reconquistando o título mundial no Zaire (Atual República Democrática do Congo), colocando a eterna relegada África no centro das atenções do mundo.

Nos últimos 32 anos de sua vida, Ali se dedicou ao ativismo político e ao adversário que lhe derrotou: o Mal de Parkinson. Mas não antes sem lutar. Lembrando seus tempos de ringue, com a guarda baixa e bailando frente a seus adversários, brigou até o fim contra a doença que não lhe levou sem luta, já que seu coração ainda bateu por 20 minutos após sua morte ser declarada. Ali foi um homem que não se submeteu a ser massa de manobra ou mera ferramenta de diversão. No começo e no fim, um exemplo de dignidade e de luta para todas as gerações. Descanse em paz, guerreiro Ali ou melhor: فلترقد في سلام.

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