Maturidade: o que a população precisa para as eleições

Vamos falar honestamente: o cidadão comum é imaturo. Direto e reto: de certa maneira, você também é. Parece chocante? Pensemos: não é raro aquele que prefere uma mentira suave a uma verdade dura e o próprio dia a dia comprova isso quando, por exemplo, se confirma a presença em um evento – para não magoar quem está convidando – e se falta na última hora, sendo que seria mais maduro dizer de cara que não seria possível ir. Por isso, não é exagero dizer que sim, a imaturidade domina o mundo.

Há, na psicanálise, a teoria winnicotiana, desenvolvida a partir dos estudos do pediatra inglês Donald Woods Winnicott, que reza sobre o desenvolvimento humano e a importância da família para ele. Em suma, de acordo com o médico, todo ser humano tem um potencial para o desenvolvimento que, para se tornar real, depende do ambiente criado pela mãe apoiada pelo pai em diversas fases de independência para, por fim, chegar à independência (maturidade) na fase adulta, com um padrão comportamental que mistura as influências externas, ou seja, o que os pais passam.

Hoje em dia, com a falência da instituição familiar e com “adolescentes de 40 anos” em profusão, esta maturidade (quando chega) é cada vez mais tardia, deixando um campo aberto para discussões cada vez mais rasas. Ou seja: um prato cheio para a farta criação de massas de manobra.

Essa imaturidade deve vir à tona em breve, tão logo se afunile o período eleitoral. Potencializado pelas redes sociais (algo que já aconteceu em 2014, nas eleições presidenciais), é esperado um verdadeiro desfile de pseudo-opiniões, montagens, notícias falsas e afins, todos baseados na imaturidade do eleitor médio, aquele que não raro “curte/compartilha” sem analisar o que está fazendo.

Estamos falando, claro, do mundo digital. Mas isso também é aplicável ao mundo real. Afinal de contas, quantas e quantas eleições foram ganhas por políticos que apresentaram obras grandiosas, mas falharam no básico? Quantos políticos não se mostraram capazes na propaganda mas ao sentar na cadeira se provaram gestores incompetentes ao extremo? Quantos não fazem promessas vazias para mais tarde frustrar as expectativas? Isso acontece dentro e fora do Brasil e pode ser colocado na conta do déficit educacional, da falta de paciência e da ânsia por conteúdos palpáveis e facilmente distribuíveis mas pode ser evitado com uma coisa: maturidade, a mesma do dia a dia, com as questões de casa, com os amigos e a família. Afinal de contas, junto com ela, vem a responsabilidade e dessa ninguém pode se eximir.

Fazer uma cidade e uma sociedade melhor depende de cada um de nós. Basta dar o primeiro passo.

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