Hipocrisia Verde

Desde ontem, os supermercados filiados à Associação Paulista de Supermercados (APAS) não estão mais fornecendo as malfadadas “sacolinhas” de forma “gratuita” nas lojas de seus associados.

Na prática, isso significa duas coisas. A primeira, mais evidente, é que haverá uma diminuição em seu uso, já que os estabelecimentos irão estimular o uso de materiais retornáveis para o transporte das compras e, consequentemente, a redução de sua presença no meio-ambiente.

A segunda, porém, mostra-se um tanto menos nobre: redução de custos. Explica-se: até hoje, este custo era repassado, de maneira embutida, no valor de cada produto vendido. Agora, o valor das sacolinhas ficará, de forma clara, a cargo do consumidor que arcará com um custo médio de R$ 0,19 por cada sacolinha descartável.

Em que se pese o fator meio-ambiente, a medida, em um primeiro momento, parece ser desigual na delicada relação entre lojistas/consumidores, uma vez que, além de aumentar os custos para a aquisição de produtos – mesmo que sejam utilizadas as sacolas retornáveis – não há sinais de que os R$ 500 milhões que serão gastos a menos em embalagens serão revertidos em redução de preços, representando assim um aumento real nos lucros dos atacadistas.

Isso posto, as reclamações dos consumidores são justas e culpar a APAS que, desde quando decidiu aposentar as embalagens plásticas, fez uma campanha de orientação não mais do que discreta. Isso, aliado ao alto custo das embalagens retornáveis, fez com que o consumidor mantivesse o velho hábito como não se fosse prevista qualquer mudança. Cronograma mantido, agora o ônus fica, como sempre, em suas mãos. Até quando teremos que pagar pela falta de diálogo?

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