Cobrança na mesma proporção

O aumento de cadeiras nas Câmaras de Vereadores tem dado o que falar. A população, cansada de ter representantes que, em sua maioria, trabalham em prol de si mesmos, não acredita que quantidade será sinônimo de qualidade, a não ser qualidade de vida dos próprios políticos. Na cidade catarinense de Jaraguá do Sul, moradores se mobilizaram para um desabafo: colocaram outdoors para dizer que o município não precisa de mais vereadores, nem de mais despesas, tampouco de mais gastos desnecessários do dinheiro público. Nas mensagens espalhadas, constatações mais do que convincentes para tal manifestação: “Salário Mínimo: R$ 545,00. Professor: R$ 609,46. Vereador: R$ 7.316,00. Não precisamos de mais vereadores”; “Faltam: médicos, medicamentos, creches e leitos hospitalares. Não precisamos de mais vereadores.”

A iniciativa da população deu resultado. Os parlamentares daquela cidade desistiram do projeto. Já dizia o ditado: contra fatos, não há argumentos. E os vereadores catarinenses entenderam isso.

A quilômetros e quilômetros de distância, no Grande ABC, sabe-se que a população também discorda de mais cadeiras nas Casas de Lei. Mas sabe-se porque se escuta um falando aqui, outro se queixando ali, casos isolados. Sem um manifesto de peso, três cidades da região já votaram favoráveis à proposta, que passará a valer em 2013: São Caetano (passará de 12 para 19 vereadores), Ribeirão Pires (de 11 para 17) e Rio Grande da Serra (de 09 para 13). As demais ainda não definiram o número de parlamentares a ser aumentado. São Bernardo e Mauá poderão ter plebiscitos para saber o posicionamento da população com relação ao acréscimo de legisladores, o que é uma ótima ideia. Aliás, essa decisão deveria ser tomada em conjunto com os eleitores, pois ninguém melhor do que eles para falar se realmente mais vereadores podem resolver os inúmeros problemas das suas cidades ou se o que precisa mesmo é que os políticos que nelas já atuam trabalhem com mais responsabilidade sob o dinheiro público.

Que aonde ainda couber a voz do povo, que ela seja ouvida com atenção e, se não houver a consulta popular por parte das Câmaras, que a comunidade se faça ver e ouvir, como fizeram os moradores de Jaraguá do Sul. Onde a questão já está decidida, agora não adianta mais chiar. Caberá, a partir de 2013, que a cobrança por um bom trabalho seja na mesma proporção do aumento de cadeiras: mais, bem mais.

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