Música não é só entretenimento; para muitas pessoas, é uma aprendizagem dia após dia. Quem deseja seguir a carreia musical pode optar por estudar canto, aprender algum instrumento, ou ainda estar à frente de uma grande orquestra ou coro, conduzindo o grupo, como é o caso de Renan Marques Regadas, 25 anos, de Ribeirão Pires. Ele está finalizando o penúltimo ano do curso de Regência, na Universidade Estadual Paulista (UNESP). O jovem é aluno bolsista em produtividade científica pelo quarto ano consecutivo: uma vez pela Pró Reitoria de Pesquisa da UNESP (PROPE) e três vezes pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Faço parte de um grupo de pesquisa chamado ‘Rumos da Análise Musical’, que tem o objetivo de catalogar e fichar todas as Dissertações e Teses produzidas em todos os programas de Pós-Graduação em Música do Brasil que envolvem análise musical”, conta.
A curiosidade habitual das crianças e o incentivo dos pais foram os passos iniciais na trajetória musical de Renan. “Quando eu tinha 3 ou 4 anos, ficava fascinado por objetos que produzissem som, como aqueles sinos de vento que as pessoas colocam sobre a janela, ou com as músicas que eu ouvia tocando no rádio, por exemplo. Ficava curioso e queria saber como saía som daquela ‘caixinha de plástico’. Desde que me conheço por gente, meus pais ouviam muita música comigo e me davam de presente vários instrumentos musicais de brinquedo, eu vivia fazendo barulho pela casa. O incentivo à prática musical por parte da família e da escola é que faz toda a diferença para o desenvolvimento musical na criança”.
Anos mais tarde, no colégio, Renan participou de uma fanfarra, ocasião em que teve seu primeiro contato com um grupo musical. Aos 10 anos, decidiu que queria aprender música. “Pedi ao meu irmão, que também se interessou, que me matriculasse nas aulas de violão e guitarra do Ribeirão Pires Futebol Clube e, quatro anos mais tarde, nos matricularmos nas aulas de violino e teoria musical, pela Prefeitura de Ribeirão Pires.
Com o passar do tempo, o que começou como um hobby foi ficando mais sério e o então adolescente sentiu necessidade de aprimorar seus estudos. “Com 14 anos, prestei um teste de admissão, junto com meu irmão, para estudarmos violino na Fundação das Artes de São Caetano do Sul (FASCS), onde tocamos na orquestra de cordas. Conhecemos muitos músicos e tivemos aulas com diversos professores durante quatro ou cinco anos”, lembra.
Todo o empenho lhe rendeu frutos. Para conseguir a bolsa de estudos de Iniciação Científica, Renan procurou a orientação de um professor que possuía uma linha de pesquisa nos cursos da Pós-Graduação, passou por um questionário do orientador e enviou os dados de seu histórico escolar para a agência de fomento que, em caso de aprovação, paga a bolsa. “Para garantir a aprovação da bolsa, o aluno deve ter média das notas igual a 8,0 e presença de, no mínimo, 80% em todas as matérias”, explica Renan.
O curso de Regência – A Graduação em Regência tem duração de cinco anos, em período integral. As matérias são divididas em teóricas e práticas. As aulas teóricas envolvem aspectos técnicos, como por exemplo, Harmonia, História da Música, Teoria Musical, Contraponto e Orquestração. Já as práticas buscam concretizar o que foi aprendido na teoria, em matérias como Instrumento Complementar, Leitura e Redução de Partitura, Canto Coral, Percepção e Regência.
O mercado de trabalho musical é bastante diversificado. Há a possibilidade de tocar em orquestras ou bandas, arranjar músicas, compor trilhas para comerciais ou filmes, produzir musicas em estúdio e dar aulas.
Renan enumera o que a área musical é capaz de trazer à vida das pessoas. “Aumento do poder cognitivo; desenvolve o senso de auto-superação; desenvolvimento da coordenação motora e do ritmo; desenvolvimento de um senso crítico mais apurado; melhora a relação pessoal com o público de maneira geral; exterioriza a expressão artística de determinado contexto social”.
No que tange aos desafios, especificamente na carreira de um maestro, a qual seguirá, o rapaz aponta que o maior deles é o gerenciamento de pessoas. “Muita gente tem a ideia de que o maestro só fica na frente da orquestra mexendo o braço. Isso faz parte sim, mas o principal é a preocupação por traz do concerto: os ensaios; saber se todos os músicos têm as partituras; se tem cadeiras ou estantes para todos; se os programas de concerto estão corretos; como serão as condições do local do concerto; se for ao ar livre, irá precisar de amplificação? Se sim, contratar os serviços e cuidar de toda a parte burocrática, etc.”.
O jovem dá alguns conselhos para quem, assim como ele, tem desejo em formar-se maestro. “Para uma pessoa tornar-se um maestro é fundamental que escute muita música, mas escute os detalhes, quais e quantos instrumentos estão tocando, por exemplo. Outra boa dica é a pessoa buscar noções de piano e canto, além de ser muito interessado em teoria musical”.