Quem muito fala dá bom dia a cavalo

Por Gazeta

O presidente eleito Jair Bolsonaro sempre falou o que lhe “deu na telha”. Atacou gays, índios e quilombolas, o que lhe rendeu duras críticas de parte da imprensa e entidades defensoras das minorias. Entretanto, ele era apenas um deputado de muitos mandatos do chamado “baixo clero”, sem grandes projetos, sem participar da Mesa Diretora, mas auferindo algum ganho extra, visto que durante seus mandatos seu patrimônio pessoal teve expressivo crescimento.

Como presidente eleito porém, há que se abster de declarações equivocadas ou desastradas que possam ofender a chefes de estado ou nações, criando desnecessário mal-estar e gerando reações prejudiciais ao país.

Sua recente fala criticando o governo cubano por reter parte do valor recebido por médicos que atuam no Brasil via programa Mais Médicos, afirmando que o dinheiro estaria “financiando a ditadura cubana” e que uma vez empossado iria “dar um fim” a esse tipo de relação causou reações imediatas. Cuba, segundo informações veiculadas na imprensa, teria rompido o contrato unilateralmente e exigido o retorno dos profissionais até o dia 20 de dezembro.

E as reações não vieram só de fora. Prefeitos reunidos no Encontro Nacional dos Prefeitos estavam enfurecidos com a situação já que cerca de 3.250 cidades utilizam médicos do programa, sendo que em 80% deles, sequer há médicos contratados, apenas os fornecidos via Mais Médicos – lembrando que a maioria destes profissionais são oriundos de Cuba. Eles chegaram a ensaiar um “Fica Temer”, mostrando seu desagravo e colocando assim por dizer uma faca na garganta de Bolsonaro que, com o perdão do trocadilho, tem lá seus motivos para temer a palavra faca.

Só que políticos blefam e ambas as partes podem estar fazendo um jogo de cena. Espera-se que a ameaça cubana seja contida através da diplomacia e que haja uma solução menos traumática para os brasileiros menos favorecidos que dependem do atendimento público e que nosso presidente eleito reflita antes de falar já que Bolsonaro não é Trump e o Brasil não é os Estados Unidos que pode peitar qualquer um.

 

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