Perca o medo de Português – Estou bastante decepcionada

Como professora de português não posso negar que fico mais atenta a certos detalhes que ouço ou leio no dia a dia. E não é diferente na minha casa com a família ou com os amigos no trabalho.

Um dia desses, conversando com um professor de geografia, ele veio confessar, na sala dos professores, que o desempenho dos seus alunos no último semestre havia piorado e ainda reforçou: “Apliquei bastante provas e atividades, mas eles não alcançaram a nota desejada”. Logicamente, fiquei chateada com a baixa média dos alunos, mas muito mais chateada com o que ele falou.

Na maioria das vezes não dedicamos atenção necessária aos detalhes e na “pressa” ao falar não percebemos as pequenas incoerências cometidas. O que meu colega de trabalho não sabia (agora ele sabe, porque está lendo esta coluna) é que bastante na frase que ele falou é variável e concorda com o substantivo, em outras palavras: é um adjetivo. Exemplo: “Havia provas bastantes na cena do crime” (bastante = suficiente; que satisfaz; que basta). Quando adjetivo, bastante caracteriza o substantivo a que se refere e concorda com ele em número, ou seja, seu substantivo está no plural, então o adjetivo também.

Observe outro exemplo: “Estamos bastante felizes com o nosso casamento” (bastante = muito). A palavra em questão é advérbio e indica intensidade, portanto invariável, pois ele modifica o verbo denotando circunstância deste e não característica como o adjetivo.

Enfim, espero não me deparar com outras situações como esta, pois fiquei bastante decepcionada e tenho dúvidas bastantes para dirimir por um bom tempo.

Sérgio Simka é professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP).

Alessandra Simões dos Santos, formada em

Letras pela FIRP, é professora e revisora de textos

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