Perca o medo de Português – Eu não namoro com ele!

Há alguns dias, encontrei uma amiga dos tempos da faculdade. Fiquei muito feliz e surpresa ao reencontrá-la, mas a minha surpresa foi maior quando ao perguntar se ela já havia casado, ela me respondeu: “Não, agora eu estou namorando com o João; e você, ainda namora com o Júnior?

Não preciso dizer que a minha felicidade foi embora naquele momento. Não me contive e respondi: “Não namoro com nenhum Júnior!”

Sei que deve ter se assustado, caro leitor, mas realmente é impossível eu namorar com o Júnior, com o João ou com qualquer pessoa na Terra. E a explicação é simples: ninguém namora com alguém. Na realidade, as pessoas namoram outras pessoas.

O verbo namorar tem origem na expressão espanhola “estar em amor”, que criou o verbo enamorar e depois o nosso namorar. Todos os verbos possuem o que chamamos de regência. A regência é o mecanismo que regula as ligações entre um verbo ou nome e os seus complementos. A regência, neste caso, é a verbal, pois se trata de um verbo.

Calma, não se desespere. Vejamos o verbo gostar. Quem gosta, gosta de alguém ou de algo, por isso o verbo gostar exige junto dele a preposição “de” para ter seu sentido completo.

Algo parecido ocorre com o verbo namorar. Este, no entanto, não necessita da preposição “com” e sim do seu complemento (João namora Maria). Neste caso, chamamos o verbo de transitivo direto, pois só precisa do objeto direto para se completar. No caso de gostar o verbo é transitivo indireto, pois precisa de um objeto indireto (que tem o auxílio da preposição) para se completar, por isso é importante saber quem você namora (e não com quem).

Enfim, depois de muito pensar, a minha amiga percebeu a gafe. Ontem ela estava namorando o Pedro e agora o João e eu voltei a namorar o Júnior.

Sérgio Simka é professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP)

Alessandra Simões dos Santos, formada em Letras pela FIRP, é professora e revisora de textos

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