“Vai uns doizinho aí tio?”

Estou alarmado com o que vem ocorrendo em nossa querida cidade. Nós da geração mais antiga, que assistimos por tantos anos a calma e a placidez de nossas ruas e praças, hoje nos vimos envolvidos no burburinho diário que ocorre nos locais outrora calmos e quase sem frequentadores.

O que assusta, no entanto, não é o número de frequentadores, mas o perfil do cidadão e cidadã que ocupam esses espaços. Em meio a mães com seus bebês, avós com seus netos, trabalhadores e trabalhadoras que vão e vem apressados em suas faixas diárias, observamos jovens em atitudes claramente inconvenientes e até despudoradas: meninas seminuas ou em vestes provocantes juntam-se aos meninos em atitude francamente deploráveis falando palavrões em altos brados. Onde estão os pais dessas crianças?

Terça-feira, ao passar pelo palco da Praça Central, completamente degradada por pichações e sujeira, deparei-me com um grupo de jovens rapazes que “enrolavam” calmamente seus cigarros de maconha. Parei para observar acreditando que minha presença pudesse inibir o ato, já que eu poderia ser um policial ou outra autoridade.

Qual não foi minha surpresa quando o jovem se dirigiu a mim e falou: “vamos dar uns doizinho aí tio?”, o que na gíria dos iniciados é um convite para fumar junto. Respondi que já tinha pego um há pouco e saí, ouvindo troças sobre coroas que “pegam”.

Entrei no carro e divaguei: onde estão as autoridades, principalmente a Guarda Civil Municipal que tem como objetivo principal cuidar dos bens públicos?

Estamos abandonados, em fim de feira, a espera de providências dos novos governantes, que terão muito a fazer para dar um basta ao desafio dos que usurpam os espaços públicos, fazendo deles palco de seus desmandos sempre acreditando na impunidade.

Gazeta

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