Projeto-piloto visa inserir Educação Financeira nas escolas

Em breve, escolas poderão ter em suas grades curriculares uma matéria a mais: educação financeira. Um projeto piloto com foco nesse tema, que faz parte da ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira), está sendo desenvolvido com instituições de ensino da rede pública dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Distrito Federal, Ceará e Minas Gerais. O programa conta com a participação da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) – órgão que regula o mercado de capitais -, do BC (Banco Central), da Susep (Superintendência de Seguros Privados) e do Ministério da Previdência Social.

Objetivo do projeto é contribuir para a formação de consumidores mais conscientes sobre o seu controle financeiro

O projeto piloto foi iniciado em agosto do ano passado, com cerca de 880 escolas – 440 receberam material didático e a outra metade não, a fim de servir como grupo de controle, para comparação de resultados. O material é composto pelo Livro do Aluno e Livro do Professor – concebidos a partir das diretrizes definidas pelo Grupo de Trabalho instituído para propor a ENEF. O Livro do Aluno é composto por diversas situações didáticas que contextualizam os conceitos de educação financeira, buscando identificar a presença do sistema financeiro nacional no dia a dia. A contextualização, além de facilitar a compreensão dos conceitos, também fornece dados e condições para que os alunos transformem os conhecimentos em comportamentos financeiros saudáveis, dentre os quais se destacam: tomar decisões financeiras bem informadas de modo autônomo e socioambientalmente responsável e contribuir para a multiplicação de conhecimentos e de condutas junto a seus familiares, amigos e pessoas da comunidade.
Já os professores tiveram acesso ao e-learning, curso de capacitação de professores para aplicação, junto aos alunos, do material didático de Educação Financeira. O governo encomendou a impressão de mais de 60 mil livros de educação financeira para alunos e docentes.

Cerca de 30 mil alunos que cursaram o 1º ano do Ensino Médio em 2010 foram avaliados por meio de questionários sobre seus conhecimentos financeiros. A avaliação de mudanças nas competências e no comportamento dos alunos que receberam os conteúdos de educação financeira, comparativamente aos alunos das escolas do grupo de controle, estava prevista para dezembro de 2010 e janeiro de 2011, porém, a CVM informou que “não há, neste momento, um balanço da avaliação de impacto envolvendo as instituições de ensino, mas há uma previsão de que este material seja divulgado em maio”.

Importância – Dados mostram que instituir a Educação Financeira nas escolas seria uma iniciativa de grande contribuição para a conscientização dos futuros e atuais consumidores. Em novembro de 2010, subiu 7,7% a inadimplência dos brasileiros com lojas e prestadores de serviços. Entre outros dados preocupantes, 87% das famílias não poupam para o futuro, 82% dos consumidores não atentam para as taxas de juros ao contratar empréstimos, 25% enfrentam restrições na praça para conseguir crédito e apenas 8% dos investidores aplicam em ações, segundo pesquisas diversas, aceitas pela CVM.

O Gerente Executivo de Educação e Certificação da ANBIMA, Ricardo Nardini, ressalta a importância de o tema ser inserido na sala de aula. “Consideramos importante levar educação financeira a estudantes do Ensino Médio e Fundamental, pois é nesta fase da vida que o jovem cria seus valores em relação ao dinheiro. Além disto, logo após concluírem o Ensino Médio, muitos jovens ingressam no mercado de trabalho e começam a pensar nas suas despesas, receitas e muitas vezes fazem seu primeiro investimento. É importante, nessa fase, saber organizar seu orçamento e administrar seus recursos de forma consciente. Neste sentido, a ANBIMA também desenvolveu, em 2006, um Guia de Investimentos para Estudante, voltado para os jovens que já apresentam vontade de planejar o seu futuro financeiro”.

Apesar da relevância do assunto, Nardini acredita que a introdução dos termos financeiros no Ensino Básico é claramente um projeto de longo prazo. “O principal objetivo hoje é consolidar os programas de educação financeira nos Ensinos Fundamental e Médio nas escolas que já recebem o conteúdo e, por meio dessa experiência, aprimorar e estender o projeto para uma rede maior de escolas”, concluiu.

Se esse programa-piloto funcionar a contento, a educação financeira poderá se difundir pelo ensino fundamental a partir de 2012.

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