PERCA O MEDO DE PORTUGUÊS – Não me venha com mais incoerências!

Escrever corretamente não é algo fácil, principalmente na língua portuguesa, cujas regras precisamos conhecer. Há alguns dias, enquanto caminhava pela rua, observei o quanto escrevemos de maneira errada ou inadequada. Uma das placas que mais me chamaram a atenção foi “Leve mas e pague menos”. Para muitos não há erro algum nesta frase, mas o que acontece é que nos confundimos na hora de escrever, achando que a escrita é como a fala.

Na oralidade, costumamos falar rápido e para muitas pessoas isso dificulta na hora de escrever. Mas e mais, por serem parecidas sonoramente quando pronunciadas, são confundidas na hora de colocá-las no papel.

O problema é que temos a mania de falar rápido e na hora em que escrevemos transpassamos esse vício para o papel e acabamos por escrever como falamos sem perceber que, diferentemente da fala, em que nos adequamos à situação em que estamos, na escrita, devemos escrever conforme a norma-padrão: seguindo regras.

A diferença do mas e mais não é difícil se pararmos para compreender a função de cada uma. Enquanto mais é advérbio, mas é conjunção. Mais é o contrário de menos e significa aumento, grandeza ou superioridade (dicionário Aurélio). Exemplo: “Ela está cada vez mais bonita e delicada”.

Mas, diferentemente de mais, é uma conjunção e equivale a porém, todavia, entretanto ou contudo e denota ideia contrária a anterior. Mas pode ser conjunção coordenativa adversativa como em “O carro bateu, mas ninguém se feriu”, na qual adverte algo, ou conjunção coordenativa aditiva, no qual acrescenta alguma ideia, como no exemplo “Ela está bem, mas não pode trabalhar”.

Mas atenção: sempre use vírgula antes de mas: “Ele arranjou um novo emprego, mas prefere o anterior”. Outra possibilidade, menos comum, mas provável, seria da palavra más (feminino plural de mau), da qual muitas pessoas se esquecem do acento agudo e acabam por se confundir com as citadas acima.

No caso da frase citada no início do texto, o correto seria “Leve mais e pague menos”, pois além de estar explícito que é o contrário de menos, nota-se a ideia de aumento, ao contrário da frase muito comum em feiras livres “Moça bonita não paga, mas também não leva” no qual adverte alguma coisa e não representa nenhum tipo de superioridade.

Lembre-se de que na dúvida de qual palavra usar, consulte o dicionário, mas se atente para não cometer mais incoerências.

Sérgio Simka é professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP).

Alessandra Simões dos Santos, formada em Letras pela FIRP, é professora e revisora de textos

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