Por Cecília Bentini – da ONG Ajudanimal
Olá, caros leitores! Segundo uma pesquisa da Universidade de Bristol, os animais, assim como os humanos, também podem sofrer de depressão.
Os cientistas do centro acadêmico desenvolveram uma “nova aproximação à forma do estado emocional dos animais”. Estudando o comportamento dos ratos em condições de vida padrão observaram perdas e os ganhos como resposta.
A pesquisa mostrou, portanto, que os ratos abrigados em circunstâncias padrão mostraram uma resposta emocional mais forte à perda de alimento (escassez) do que aqueles abrigados em condições de fartura.
Confirmaram ainda que animais podem ficar deprimidos e precisar de “tratamento”, como os seres humanos. A pesquisa foi publicada no Jornal “Royal Society Biology Letters”, e de acordo com a Escola Veterinária da Universidade, os resultados publicados podiam indicar um estado emocional negativo nos animais dependendo da situação.
O que é depressão canina?
Uma das áreas mais complexas da medicina comportamental trata das questões relacionadas a medo, fobias, ansiedade e desordens obsessivo-compulsivas, que não raro acometem os cães. Embora possam estar relacionados, esses distúrbios diferem entre si em termos neurofisiológicos, o que dificulta o seu diagnóstico clínico. A depressão – ou estado depressivo -, pode estar relacionada à ansiedade e acontece quando o animal é exposto a situações de estresse, em caráter crônico ou de forma traumática, passando a manifestar sinais de inabilidade em executar suas funções biológicas, apatia, inapetência e isolamento social.
O que pode causar depressão nos cães?
Entre as causas mais comuns do estresse nos cães estão as mudanças súbitas de rotina, perdas afetivas por morte ou ausência de um membro do grupo, introdução de novo membro ao grupo [isso inclui outros animais ou pessoas estranhas], perda de liberdade, experiências traumáticas vividas na infância, solidão e/ou abandono.
Quais são as raças mais propensas? Por quê?
Qualquer cão de qualquer raça pode manifestar sintomas de depressão Cada animal é único e deve ser encarado como um indivíduo dotado de características próprias.
Quais são os sintomas que demonstram que um cão está com depressão?
Apatia, ausência de apetite, tristeza, baixa interatividade e resposta a estímulos, isolamento e intolerância ao toque físico. Esses sintomas diferem em intensidade e podem surgir de forma lenta e gradual. Cabe ao proprietário perceber as sutis mudanças de comportamento do animal e buscar ajuda antes que o problema se agrave.
Quando um animal está doente ele está propenso a ter depressão? Por quê?
Sim. Um cão doente pode passar por um período depressivo, o que não significa que esse quadro será permanente. Algumas doenças debilitantes ou que provocam desconforto físico podem deixar o cão deprimido, pois afetam seu estado emocional e seu humor. Animais que passam por cirurgias ósseas, ou aqueles que vivem a experiência de um atropelamento, podem ficar deprimidos por causa do estresse gerado nessas situações.
O que devo fazer para que meu cão não fique depressivo se ele fica o dia inteiro só em casa?
Se desde filhote o cão entende as regras do ambiente e percebe que durante algumas horas vai ficar só, ele vai se adaptar a isso. Cães equilibrados procuram tirar sonecas ou se distraem roendo ossos de longa duração ou com brinquedos que estimulem sua criatividade. O proprietário deve deixar sempre à disposição do animal opções para ele se distrair enquanto estiver sozinho.
Como tratar um cão com depressão?
A depressão deve ser encarada como um processo complexo. Uma vez diagnosticado o problema e definida a sua causa, o tratamento pode incluir medicamentos antidepressivos, além de mudanças no manejo. Remédios homeopatas e Florais de Bach contribuem para o restabelecimento emocional do cão deprimido e podem ser prescritos pelo terapeuta. Melhorar a qualidade de vida do animal e cuidar do seu bem-estar é também importante. Essa é a base da terapia comportamental.
Meu cão faz muita bagunça quando estou fora. Este é um sinal de ansiedade e/ou depressão? O que devo fazer?
Para afirmarmos que um cão está sofrendo de ansiedade de separação, é preciso que ele demonstre alguns comportamentos que só se manifestam na ausência do dono. Esses indicadores são:
– ansiedade e comportamento depressivo quando o dono está se preparando para sair;
– tentar sair junto com o dono no momento em que a porta se abre;
– choramingar e latir sem parar durante o tempo em que o dono está fora;
– urinar e defecar pela casa toda [isso vale só para cães que já são adultos];
– cavoucar ou arranhar a porta e/ou o chão perto da saída;
– roer ou destruir móveis.
E por que o cão faz isso?
Ao adotar comportamentos destrutivos o animal procura aliviar sua ansiedade. Punir o cão por causa dessas atitudes não terá efeito algum, pois cães têm memória curta e estudos comprovam que os comportamentos destrutivos ocorrem na primeira meia hora após a partida do dono.
A terapia nesse caso tem como objetivo principal diminuir a ansiedade do cão e deve se basear em alguns princípios:
– redirecionar a ansiedade, como por exemplo, oferecer um brinquedo interativo;
– ignorar o cão por 20 minutos antes de sua partida e depois de retornar à casa;
– alterar seus momentos de partida e as pistas – pegar a chave, a bolsa e seu casaco, quando você NÃO estiver saindo.
– consultar um especialista, que poderá prescrever um medicamento ansiolítico para aliviar a ansiedade do cachorro, além de propor mudanças no manejo e treinamento.
E lembre-se de ficar atento a qualquer atitude estranha que seu amigo de pelos pode ter e sempre peça ajuda a um veterinário de confiança.