Devemos exercitar nossas capacidades de considerar o outro um ser tão merecedor de respeito assim como nós, independentemente de ele compartilhar ou não de opiniões semelhantes às nossas. Sem isso, corremos o risco de “atropelar” as pessoas, levando-as a ter “sequelas” que podem durar uma vida inteira. Parece que, às vezes, ensaiamos palavras de respostas e ofensas a outras possíveis pessoas que poderão, ainda que remotamente, falar ou fazer algo que nos cause alguma forma de desagrado.
É necessário revermos nossa capacidade de primeiro oferecer ao outro aquilo de que gostaríamos que a nós fosse oferecido, ou seja, dar primeiro para depois, somente depois, recebermos em tempo oportuno, não necessariamente no nosso tempo, o pagamento pelos nossos feitos.
Há pessoas, por exemplo, que ao chegar a um degrau superior ao de outra na escala social julgam-se no direito de não precisar mais do exercício da subordinação, característica que deve ser exercida tanto para com aqueles que estão numa posição superior à nossa quanto para aqueles que estão em degraus socialmente inferiores. Isso mesmo, a subordinação é muito mais do que referenciar alguém que está em escala superior, até mesmo pelo fato de que isso poderia ser fácil demais.
É sempre preciso estender a subordinação a todas as pessoas, quaisquer que sejam elas, independentemente do grupo social de que possam fazer parte, ou da conta bancária que tenham sob seu domínio. É perfeitamente possível nos subordinarmos às mais diversas características de todas as pessoas. Por exemplo, se uma pessoa tem dificuldade de entender nosso vocabulário, é uma atitude de subordinação adequar nossas falas, de um modo que a mensagem realmente chegue ao nosso receptor.
A real subordinação não é mesquinha, não é hipócrita, não busca os seus próprios interesses. A subordinação é bela, modesta e entende o outro como parte fundamental de si mesmo, da vida em comunidade, numa atitude de civilização. O que seria de nós, que muitas das vezes nos julgamos tão importantes, sem alguém para nos fazer sentir completos?
Erika de Souza Bueno
Editora e Consultora-Pedagógica de Língua Portuguesa do Planeta Educação
(www.planetaeducacao.com.br)
Professora de Língua Portuguesa e Espanhol
pela Universidade Metodista de São Paulo
Articulista sobre assuntos de língua portuguesa e família