Por Luiz Gonzaga Bertelli- Presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História
Existe grande distorção na destinação dos recursos que o Brasil emprega na educação. Enquanto o País é um dos que menos gasta com os alunos do Ensinos Fundamental e Médio, as despesas com estudantes universitários se assemelham às nações desenvolvidas da Europa, segundo levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No estudo Olhar sobre a Educação, a organização analisou os sistemas educacionais de 45 nações. Entre elas, países desenvolvidos e economias emergentes como China, Argentina e África do Sul.
O Brasil gasta anualmente US$ 3,8 mil por aluno até a 5ª série do Ensino Fundamental. A quantia representa menos da metade dos recursos empregados pelos europeus, que tem como média US$ 8,7 mil de investimentos. Para efeito de comparação, Luxemburgo, o primeiro país do ranking, tem gastos em torno de US$ 21 mil para a mesma faixa. Das nações analisadas, apenas seis gastam menos que o Brasil, tais como Argentina, Colômbia e Indonésia.
Já no caso do Ensino Superior, a situação é bem diferente. Os gastos brasileiros superam os US$ 11 mil por aluno – o que representa mais que o triplo das despesas com Ensino Fundamental. Com o valor, o Brasil chega perto de países como Portugal e Espanha, que têm custos em torno de U$ 12 mil. A média de gastos dos países da OCDE é de US$ 16 mil por aluno da graduação. Apesar do aporte financeiro que dá ao Ensino Superior, o Brasil tem um dos índices mais baixos de jovens entre 25 e 34 anos com diploma universitário.
O fato é que nos últimos anos houve aumento de investimentos públicos na educação, mas os resultados ainda são pífios, principalmente em relação à melhoria do aprendizado ou à qualidade do ensino. O Brasil continua entre os últimos colocados nas avaliações internacionais que medem conhecimentos de estudantes.
Apesar do maior acesso à educação, com a inclusão de estudantes menos favorecidos no ciclo escolar, o atraso na aprendizagem tem puxado o desempenho para baixo. Por isso, a importância de se investir em infraestrutura nas escolas, na formação e salário de professores e em Ensinos Fundamental e Médio mais eficientes. Investir em educação é a única garantia de desenvolvimento sustentável para o País.