Há oito anos, vereador renunciava em Rio Grande da Serra

No próximo dia 03, completará oito anos de um fato raro nas Câmaras do Grande ABC: a renúncia de um vereador. Paulo Franco se elegeu em Rio Grande da Serra sem precisar fazer uma campanha com pompas. Não queria ter amarrações financeiras para, se eleito, poder exercer seu mandato com liberdade. Com o apoio de um grupo que divulgou suas propostas, voltadas principalmente à área da Educação, já que é professor, ele conquistou uma vaga na Casa de Leis de Rio Grande da Serra pelo PT, sigla que também elegeu o prefeito (Ramon Velásquez) e a maioria dos vereadores. Porém, as coisas na política não eram como Paulo imaginava. Segundo ele, o partido do qual fazia parte, em nome da “governabilidade”, se posicionava a favor da oposição. “O que chamavam de governabilidade, chamávamos de traição”, fala Paulo. Após o vereador votar contrário à chapa formada pelo PSDB e PFL para a presidência, 1ª e 2ª secretarias da Câmara, ele foi suspendo do PT por 30 dias. A decisão foi anunciada depois de uma reunião do Diretório Municipal do partido. Considerando que o prefeito da cidade obteve quase dez mil votos e os vereadores mais votados foram os do PT, Paulo era da opinião que o partido deveria lutar para ter a presidência da Câmara e que se a população quisesse o PSDB e o PFL no comando da cidade não teria votado no PT. Ele declarou na época que, se acatasse a ordem do partido, seria uma traição ao seu eleitorado.

Depois da primeira e única experiência na política, Paulo Franco não pensa mais em se candidatar

Insatisfeito por não poder exercer seu mandato de forma livre, Paulo enviou uma carta ao então presidente da Casa e hoje prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Teixeira, o Kiko (PSDB), comunicando sua renúncia. “O sentimento de inutilidade é imenso. Não consegui concretizar o que preguei. A desilusão política é muito grande e me sinto mais honesto devolvendo ao povo o que é do povo. Na época da campanha prometi que caso não encontrasse razão concreta para receber o salário de parlamentar, renunciaria. E é o que estou fazendo”, escreveu.

Passados esses anos, Paulo não tem mais intenção de se candidatar, mas garante que o pouco tempo em que atuou na política, não foi frustrante. “Você dá a aula e vai embora. Às vezes a aula não serve pra todo mundo”.

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