Desde ontem (25), a distribuição de sacolas plásticas em supermercados do Estado de São Paulo está extinta. A partir de agora, para carregar as compras será preciso que o próprio consumidor leve seu meio de transporte, como as sacolas reutilizáveis, caixas de papelão, carrinhos e cestas ecológicas, ou terá que pagar R$ 0,19 por uma sacola biodegradável — aparentemente igual às antigas, mas feitas de amido de milho. Essa matéria-prima se decompõe na natureza em 90 dias, diferentemente das sacolas tradicionais, que levam, pelo menos, 300 anos para esse processo.
A ação é resultado de uma parceria promovida pela Associação Paulista dos Supermercados (APAS) com a Prefeitura de São Paulo e com o governo do Estado. O acordo para o início da campanha “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco” foi firmado em maio do ano passado.
A medida visa amenizar os tantos problemas pelos quais passa o meio ambiente. As sacolinhas, que representam 10% do lixo urbano brasileiro, ocupam espaço nos aterros; sua produção utiliza grande volume de água e gera resíduos industriais. Há ainda o uso inadequado e descarte na rua, o que leva o material às galerias e bueiros, causando entupimentos e enchentes; polui a água e o solo e traz prejuízo à vida de animais marinhos.
“Vivemos em uma época que se tornou essencial pensar na preservação da natureza. Pequenas mudanças de comportamento nos dias de hoje resultarão em grandes avanços em pequeno, médio e longo prazo. Esta é a primeira de muitas ações para a preservação do meio ambiente que serão incentivadas com a campanha, como a reciclagem de lixo e o consumo consciente”, frisou o presidente da APAS, João Galassi.
Jundiaí, no interior de São Paulo, foi pioneira na questão. As sacolas plásticas nos supermercados estão abolidas na cidade desde 2010. No município, 77% da população aprovaram a medida.
Opiniões – Por aqui, os pontos de vista sobre a nova fase se dividem. A professora Isabel Cristina Ferro acha que a proibição das sacolinhas é o início de uma maior conscientização com a preservação do meio ambiente. “A adaptação será um ‘mal’ necessário, porque os abusos contra o meio ambiente têm que acabar de alguma maneira. Tem que começar em algum lugar e de alguma forma, então, que venha o veto das sacolinhas”, disse.
O administrador de empresas Marcelo Gaspari, 39 anos, é favorável à eliminação das sacolas plásticas nos supermercados, mas faz uma ressalva: “A questão do fim da gratuidade deveria reverter em iniciativas ambientais ou o supermercado oferecer bônus de compras por não utilização das embalagens que não são biodegradáveis”.
Gaspari morou na Inglaterra no ano de 2006 e lá, viu que a ação que começou ontem no Estado de São Paulo, traz bons resultados. “Tive oportunidade de conhecer outros 12 países da Europa e percebi que esta prática funcionava muito bem na Comunidade Europeia, pois, existe a conscientização quando falamos de produção, embalagem e transporte de alimentos, porque faz um enorme impacto sobre o meio ambiente – o alimento que compramos é responsável por um terço do seu impacto ambiental total e quase 90% do lixo marinho flutuante é plástico”, explicou.
Já a internacionalista Natalia Vasconcelos, 26 anos, acredita que a medida não se adequa à nossa cultura atual, uma vez que “continuaremos a usar e a descartar inadequadamente todas as outras embalagens plásticas”. “Sem contar a quantidade de lixo na rua que vai aumentar, porque não serão jogados nas sacolas. Penso que essa medida seria excelente, mas se fosse uma das últimas etapas de um trabalho maior”, opinou.