Estamos saturados da palavra Paz?

Por Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo. Publicado originalmente na Folha de São Paulo de 30/10/1973

Não. Ela nos fascina, apesar de toda a retórica que a procurou desgastar, ao longo dos últimos anos. Continuaremos a falar dela, apesar de todas as barreiras e ilusões. E quais são essas barreiras? Sem dúvida, os conflitos internacionais acompanhados ou alimentados por lutas implacáveis de classes e grupos; a precariedade mundo todo, capaz de confundir-se numa crise de petróleo. Tudo isto significa, para nós, mais do que barreira. Quase a frustração.

Dom Paulo Evaristo Arns faleceu no dia 14/12/2016

Dom Paulo Evaristo Arns faleceu no dia 14/12/2016

Para que o homem não continue sendo o eterno problema insolúvel, temos que acordar todo o idealismo e propor realizações práticas. Temos que reafirmar sempre de novo que a Paz é necessária, obrigatória e van­tajosa, e que a esperança é a única capaz de iluminar o destino do mundo. A síntese das aspirações humanas, o móvel de toda a criatividade comunitária tem que ser a Paz.

A Paz desperta nossa ca­pacidade adormecida quando cremos na ideia, e nos imbuímos da Paz.

Só poderemos trabalhar e descobrir os caminhos da Paz, no momento em que nos con­sideramos parte do corpo civil e lutarmos pela participação de todos. Para tanto, teremos de iniciar e reiniciar todos os dias nossa educação para descobrir e alimentar a mentalidade da Paz.

A Paz só se promove através de mensageiros que a afir­mam, e por ela vivem. Men­sageiros capazes de conquistar sempre novos adeptos. Partiremos, assim, da pessoa humana para a pe­quena comunidade e, através dela, para a grande coletivi­dade.

Não hesitamos, pois, em recomendar às nossas co­munidades, por mais peque­ninas que sejam, às associa­ções de Amigos de Bairro, e a todas as formas de partici­pação, que se tornem expres­são da Paz, isto é, da cola­boração de todos na construção harmoniosa da socie­dade. Assim serão todos eles arautos e, ao mesmo tempo, construtores da Paz.

Para esta Paz, a Igreja de Deus em Sâo Paulo se prepara, durante o Ano Santo de 1974, comprometendo-se à reno

vação e reconciliação contí­nuas. Por esta mesma Paz rezará a Igreja de Deus e São Paulo, pela voz do próprio Menino nascido em Belém: “Na terra. Paz aos homens de boa vontade!”

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