Empresa em Santo André destina equipamentos de informática de forma correta

A empresa também apaga a memória de HDs para reintroduzi-los no mercado

Desde 2010, com a implementação da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), instituída pela Lei n. 12.305/2010, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores que queiram substituir equipamentos obsoletos (como lâmpadas fluorescentes, pilhas e materiais eletrônicos) de suas casas ou negócios são obrigados a descartar esses produtos de forma correta para que não agridam o meio ambiente. A Sustine, empresa localizada em Santo André, presta esse serviço para empresas, recolhendo e destinando materiais de informática e eletrônicos, às vezes recolocando-os no mercado, às vezes enviando-os para reciclagem.

“Se uma empresa tem uma estrutura de TI e precisa descartá-la, porque vai trocar por equipamentos mais modernos, a Sustine presta assessoria em como destiná-la de forma correta e recebe o material. Os computadores são desmontados e as peças são testadas. Às vezes, um equipamento que não serve para uma empresa, ainda pode servir para outra, então o que está funcionando perfeitamente nós recolocamos no mercado”, explica o técnico eletrônico e diretor da empresa Fernando Peres Valverde, 35 anos.

Segundo Valverde, os materiais usados são vendidos por meio de uma carteira de clientes consolidada, sites de e-commerce, anúncios na região e assistências técnicas que compram peças avulsas para reparar equipamentos e computadores. “Existe um problema no mercado de fornecimento de peças novas para conserto de equipamentos. A gente vende peças usadas suprindo a necessidade dos técnicos e isso cria sustentabilidade, porque uma vez que o técnico não tem condições de fazer o conserto por falta de peça, o consumidor acaba sendo obrigado a comprar um equipamento novo. Com nosso serviço, criamos sustentabilidade econômica tanto pela perspectiva do técnico quanto pela ambiental, já que prolonga-se a vida útil do equipamento”, esclarece.

Já as peças que não têm recolocação no mercado são enviadas para empresas parceiras. Materiais com metais complexos e de difícil separação, como placas eletrônicas, são exportados, principalmente para a Bélgica, onde há organizações com condições de fazer o descarte e a reciclagem dos resíduos sem agredir o meio ambiente. O diretor reitera que essas empresas são devidamente certificadas. “O equipamento eletrônico é composto por muitos metais pesados, como cobre, níquel, chumbo e estanho, então se é disposto na natureza de modo errado, por exemplo no lixão, jogado na beira do rio ou em bueiro e se decompõe, se torna altamente poluente. Quando o material é tratado da forma que nós fazemos, deixa de ser problema ambiental, porque tentamos prolongar sua vida útil e quando é destinado à reciclagem, vai para empresas que fazem o melhor possível”, diz.

Além de captar materiais eletrônicos de empresas, a Sustine também os compra de catadores e realiza trabalho de melhoria de renda. “Os catadores vendiam a sucata de informática no preço do ferro, então explicamos que esse material tem valor maior. O preço do quilo do ferro é R$ 0,40. Já a placa-mãe, por exemplo, custa R$ 7”, explica Valverde.

Outro serviço realizado pela Sustine é o de apagar todas as informações de HDs recebidos. Valverde esclarece que, “dessa forma, também são atendidas algumas necessidades de empresas com relação à segurança e sigilo de dados” e que mesmo assim a peça ainda continua preservada e pode ser utilizada em outro computador.

Para o diretor da empresa, é uma satisfação trabalhar de forma a contribuir com o futuro e com as questões ambientais. “Todos aqui têm algum tipo de relacionamento profissional com a eletrônica. Além disso, um funcionário tem formação em Gestão Ambiental, outro em História e Administração e juntar tudo isso para formar uma empresa e poder agregar uma questão social e ambiental se torna prazeroso para todos nós. Posso estender isso também aos colaboradores porque trabalhamos com algo que gostamos”, conta Valverde.

O técnico eletrônico também considera o modelo de negócio da Sustine “inovador”. “Não conheço uma empresa que faz o que fazemos aqui. Com nosso trabalho, empresas que queiram destinar seus equipamentos podem conseguir receita porque nós iremos comprá-los. Também disponibilizamos laudos e certificações de destinação. Ainda, para as empresas que queiram comprar equipamentos usados porque são mais baratos, nós temos condições de fornecer”, explica.

Valverde conta que o conceito de reutilização também é aplicado dentro da Sustine. “Os equipamentos de informática são reaproveitados, inclusive os celulares, assim como prateleiras e móveis. Os únicos produtos que compramos novos, por uma questão de necessidade, são ferramentas de trabalho.”

Quando questionado sobre projetos futuros relacionados à empresa, o diretor conta que está buscando expandi-la. “A gente acredita que o mercado não vai mudar do ponto de vista da entrada e saída de material usado. O tipo de material pode mudar, mas o conceito não. A questão ambiental será presente, então devemos aperfeiçoá-la, assim como nosso e-commerce e a relação com o cliente. Uma das intenções é atingir diretamente o mercado internacional.”

A Sustine recebe, em média, sete toneladas de material por mês. Deste número, três toneladas viram material de reuso e são vendidas. Outras quatro se tornam sucata (material não reaproveitado, que vai direto para reciclagem).

De acordo com dados do Global E-waste Monitor 2017, relatório internacional elaborado pela Universidade das Nações Unidas (UNU) em parceria com  União Internacional das Telecomunicações (UIT) e a ISWA – International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos), que no Brasil é representada pela ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil é o país que mais gera lixo eletrônico na América do Sul, com 1,5 mi de toneladas por ano.

História

A Sustine surgiu da empresa Eletrônica Jomaris, que tinha sede em São Bernardo do Campo. Segundo Valverde, “a ideia inicial da Jomaris era somente prestar assistência técnica, porque não se falava em meio ambiente no final da década de 70, quando surgiu a empresa e o descarte de equipamentos não era tão valorizado, pois eles custavam caro e as pessoas não costumavam fazer trocas com frequência”.

De acordo com Valverde, a ideia da Sustine surge quando acontece uma reformulação e mudança no modelo da empresa. “Ela deixa de ser assistência técnica clássica, que conserta o equipamento e entrega para o cliente para ser uma empresa que recolhe os equipamentos obsoletos e faz o tratamento. Nesse momento, em 2014, a Sustine já aparece com a ideia ambiental, de licenciamentos e de dar assessoria aos clientes que precisam descartar”, explica.

O diretor esclarece que “a ideia toda não nasceu da noite para o dia, mas no ano de 2006 e 2007 começou a aparecer a questão do descarte correto, dificuldade já sentida quando trabalhávamos com assistência técnica. A gente começou a fazer o descarte junto com a venda do material. Foi uma ideia que foi progredindo”.

O nome Sustine vem do latim e significa sustentabilidade, sustentar. Para entrar em contato com a empresa é possível mandar um e-mail para [email protected], WhatsApp para o número (11) 99626-8028 ou entrar no site www.sustine.com.br.

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