Denúncia liga sinal de alerta quanto à manutenção no Camping

Na última semana, a redação do Jornal Mais Notícias recebeu uma série de denúncias a respeito do estado de conservação e também de mau uso do Parque Municipal Milton Marinho de Moraes, também conhecido como Camping, a mais importante atração do turismo ecológico da cidade que estaria clamando por socorro, já que se encontra em estado crítico de conservação.

Informações da Prefeitura divergem da realidade do local

Segundo moradores da região, os brinquedos estão danificados, as estruturas se encontram pichadas e há a realização de diversos eventos, notadamente festas, no local, algumas delas com a duração de até 48 horas, que, inclusive assustam os animais que lá vivem. “Os animais, por instintivo receio de suas vidas, saem do parque e invadem as ruas próximas. Não é anormal nestes dias vermos lebres, jacus e até veados transitando nas ruas próximas, principalmente em dias de festas”, relatou um munícipe, que citou a festa do Cachorro Loco, que celebra o aniversário de um motoclube de Mauá, como um destes eventos, relatando que as mesmas deixam o parque poluído e sujo, além de colaborar para a sua destruição.

Além disso, há relatos também de pesca irregular que, assim como as “baladas”, são realizadas fora do horário de funcionamento do Parque: “Os próprios funcionários que lá trabalham, ou que pelo menos tem liberação da Prefeitura para utilização do local e dos recursos, usam alguns barcos que ficam lá ancorados e à noite saem com redes praticando a pesca predatória, retirando quilos de peixe da represa sem apresentar qualquer preocupação com a manutenção destas vidas”.

Em visita ao parque, pudemos constatar que, de fato, os brinquedos do parque estão quebrados, sem a mínima condição de uso. Além disso, o palco se encontrava pichado, com diversas lixeiras quebradas e um dos banheiros estava lacrado, literalmente. Além disso, os bancos que seriam de uso dos visitantes estavam trancafiados em uma sala. Quanto aos barcos citados, eles realmente estão estacionados conforme relatado, em uma área após o viveiro de bromélias, com as redes em estado de novas.

Respostas – Questionada, a Prefeitura afirmou que “o Parque Municipal Milton Marinho de Moraes iniciou neste ano um processo de revitalização que visa torná-lo acessível a portadores de necessidades especiais. Os brinquedos deteriorados serão substituídos por um novo playground e equipamentos de ginástica. O processo encontra-se em início de licitação”.

Quanto a pesca, a resposta foi de que “a Administração do Parque Municipal Milton Marinho de Moraes não tem conhecimento” da prática e que “não foi feito nenhum pedido de autorização para tal ato e também não chegou nenhuma denúncia sobre as atividades ilegais de pesca”.

Os bancos, segundo a Prefeitura, “encontram-se guardados por conta do vandalismo. Eles são disponibilizados a população nos dias em que o parque recebe eventos e o número de visitantes aumenta”. Quanto ao banheiro lacrado, que se encontra perto do parquinho infantil, a informação diverge do que constatamos (e fotografamos): “Não procede a informação de que existem banheiros lacrados no parque. Com a reforma e revitalização do parque os banheiros sofrerão melhorias e adequações mas eles continuam ativos para o uso dos visitantes do Parque”.

Por fim, as festas. Nós verificamos em sites especializados que elas, de fato, são realizadas no Parque com alguma frequência e, inclusive, há outro motoclube, os Alquimistas, que anunciou uma festa para o local nos dias 03 e 04 de julho, além do Cachorro Loco, que as faz em agosto há um bom tempo. A resposta, mais uma vez, diverge: “Habitualmente não são permitidas festas no parque depois do horário de funcionamento, a única exceção foi um evento beneficente promovido pelo grupo de motociclistas Cachorro Louco. O evento visava recolher alimentos que foram doados ao Fundo Social de Solidariedade de Ribeirão Pires. Os organizadores passaram a noite no parque e no dia seguinte limparam o local. A segurança ficou por conta da Guarda Municipal”.

Mais do que esperar por um dos principais pontos turísticos em ordem, vale manter o parque preservado. É uma área verde muito bem localizada que é subutilizada na cidade, bem como o Parque Pérola da Serra. Como reflexão, fica a mensagem de um dos leitores do jornal que resumiu bem o que disse: “Os recursos naturais são finitos, porém a saciedade humana não é. Cabe à população e aos mais esclarecidos e com o poder da comunicação nas mãos levar a real informação e conhecimento aos que não têm”.

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