Dedé tenta “golpe” e revolta grupo que o apoiava nas eleições

Candidato tentou abrir mão de processo sem consultar grupo de apoiadores

“Como cidadão, gostaria que ele (Saulo) vencesse no tribunal, porque aí acabava o problema. É o melhor para a cidade”. Esta frase, dita pelo prefeito Clóvis Volpi em entrevista exclusiva publicada na última edição do Jornal Mais Notícias (leia clicando aqui) foi o mote para uma atitude intempestiva por parte do candidato derrotado Dedé da Folha que desencadeou uma crise no grupo governista.

Segundo informações de bastidores, tudo começou no final da última semana, quando Dedé teve conhecimento das declarações do prefeito e teria iniciado uma série de ações com o objetivo de retirar o processo que a coligação governista “Unidos para Seguir Avançando” interpôs contra Saulo Benevides sob acusação de abuso de poder econômico. Alegando ter participado de reunião com o restante do grupo que o apoiou nas eleições de outubro, teria conversado com o presidente da coligação, Eduardo Horn, que assinou o documento necessário para protocolar a desistência do processo junto à Justiça Eleitoral, o que Dedé fez na última terça-feira e divulgou no jornal de propriedade de sua família ontem. Antes disso, na terça, ele disse em seu Facebook que, após ler o conteúdo da matéria “em um jornal da cidade”, não queria “ser o culpado por um caos no município em virtude de instabilidade política”, antecipando o que aconteceria horas mais tarde.

Estrago feito, uma reunião de urgência foi convocada na manhã de ontem com o prefeito Volpi, a ex-candidata a vice Rosi de Marco, parte dos vereadores eleitos e quase todos os presidentes de partidos integrantes da coligação Unidos para Seguir Avançando para discutir sobre o assunto, à exceção foi justamente dos membros do PPS, partido de Dedé, presidido por Gemecê de Menezes, pai do ex-candidato. Em comum, um único sentimento: revolta, tornada pública por meio de carta aberta e uma petição judicial para impedir a ação do dia anterior (veja a reprodução a seguir).

Com palavras fortes, o documento afirma que os presidentes de PV, PR, PSDB, PTB, PSB, PC do B e DEM “não compartilham e não participaram” da decisão de retirar o processo e que “foram traídos” por Dedé da Folha, que tomou decisão “única e exclusiva” sendo que, para isso “ludibriou” o presidente da coligação (Horn) “igualmente traído” porque foi “manipulado e induzido ao erro” e a tal reunião “nunca existiu”, sendo parte de uma “maracutaia planejada”. Ao final, os subscritos pedem “perdão” aos eleitores que, assim como eles, “se sentem traídos” e “acreditaram na idoneidade” de Dedé da Folha.

Tão logo a carta circulou na Internet, pelo mesmo Facebook, não faltaram apoiadores que manifestaram sua desaprovação com a atitude de Dedé da Folha, cobrando explicações e também usando palavras como “decepção”, “vergonha”, “indignação” entre outras. O mesmo se aplicou aos seus antigos apoiadores: “Eu não disse isso para o Dedé ir lá e desistir. Ele estava procurando um motivo”, afirmou o prefeito Clóvis Volpi. “Estou indignado. Me sinto politicamente vendido”, afirmou Marcus Tibério, presidente do PSDB. “Me espantou ele tomar uma atitude. Mais de 130 candidatos abraçaram a campanha dele, passaram fome, sede, suaram a camisa e foram para a rua. Foi uma decisão infeliz que daqui quatro anos o povo vai julgar”, concluiu Antonio Muraki, presidente do PDT.

Fato é que, ambas as petições apareceram no sistema de consulta protocoladas simultaneamente no final da tarde de ontem e ainda serão analisadas pela Justiça. Qualquer que seja o desfecho desta história, este fato, que para muitos foi chamado de “golpe”, ficará marcado como um dos mais tristes e polêmicos da história política de Ribeirão Pires. E desta batalha, entre os feridos, deve restar apenas um morto: o próprio Dedé da Folha.

Veja a reprodução da Carta Aberta e da Petição:

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