O carrapato é um inseto da mesma classe das aranhas (Arachnida) por conter quatro pares de patas quando adulto e na fase de vida fase ninfal (jovem, 2ª muda). Alimenta-se de sangue principalmente, mas também de linfa (substâncias e células presentes no sangue) e restos da pele lesionada por suas enzimas salivares que viabilizam a fixação de seu aparelho bucal no corpo do animal hospedeiro.
Estes artrópodes possuem inúmeras espécies diferentes, espalhadas pelo planeta, de acordo com o clima mais propício e presença do hospedeiro preferencial para se alimentar. Transmitem diferentes doenças que variam de acordo com sua espécie e tipo de microorganismo causador da doença. Cada espécie de carrapato tem seu hospedeiro favorito, sendo assim espécie-específico porém na ausência de seu hospedeiro primário, pode parasitar outros animais inclusive o homem.
O Rhipicephalus sanguíneus é o carrapato do cão (hospedeiro primário), acometendo também gatos, humanos e animais silvestres eventualmente.
Por alimentar-se de sangue, se o carrapato estiver contaminado com algum protozoário ou bactéria (microorganismos patogênicos) pode transmitir ao hospedeiro doenças gravíssimas e de rápido avanço que induzem a morte das células sanguíneas. Tanto as hemácias (células vermelhas que transportam oxigênio) como leucócitos (células de defesa) e plaquetas (componente para a coagulação sanguínea) podem ser destruídas em questão de dias. Este é o mecanismo da Doença do Carrapato.
Como identificar?
O R. sanguíneus (espécie de carrapato que acomete o cão) pode ser encontrado no corpo do cão, e as principais áreas onde é observado são no dorso, pescoço, cabeça, orelhas e entre os dedos. O carrapato permanece no corpo do cão nas fases de vida jovem quando precisa se alimentar de sangue e quando adulto para se alimentar e també realizar cópula.
É no ambiente onde o hospedeiro vive que o carrapato põe seus ovos e realiza a muda de sua carapaça. Por este fato, é de extrema importância manter a higiene da casinha, quintal, vegetação local, tapetes e cama do cão, a fim de eliminar os ovos postos no ambiente. Cada fêmea pode colocar até 3000 ovos, que após incubados dão origem às larvas (jovem, 1ª muda) de carrapato que vão do ambiente onde eclodiram do ovo para o corpo do cão para se alimentar de sangue.
A Doença do Carrapato pode ser conhecida por Babesiose quando o carrapato está infectado por protozoários (B. bigemina), ou conhecida por Erlichiose Monocítica Canina quando o carrapato está infectado por bactérias (E. canis).
Os principais sintomas variam de acordo com a evolução da destruição das células sanguíneas e permanência da infestação. São perceptíveis pelo tutor a presença do carrapato que causa dermatite alérgica por sua picada que causa coceira intensa podendo formar feridas na pele e infecções secundárias. Principais sintomas da doença incluem febre, letargia (animal não reage a estímulos), prostração (fraqueza física), anemia (deficiência de células sanguíneas), falta de apetite, perda de peso, icterícia (condição em que a pele, mucosas e esclera tornam-se amareladas), falta de ar, cianose (falta de oxigenação), secreções nasal e ocular podendo conter sangue ou pus, pequenas bolinhas vermelhas ou roxas pelo corpo como petéquias (pequenas hemorragias) e equimose (mancha na pele por extravasamento de sangue), sangue na urina, e pernas e patas edemaciadas (inchadas com fluido). Na clínica veterinária, o médico pode observar sintomas mais específicos como hemólise (destruição das hemácias), pancitopenia (destruição dos componentes sanguíneos) , trombocitopenia (destruição das plaquetas), anemia severa, hemoglobinúria (presença de hemoglobina na urina), esplenomegalia (aumento do volume do baço), acidose metabólica (alteração do pH do sangue), hipotensão (queda da pressão arterial), estertores pulmonares (sons intensos no pulmão) e insuficiência hepática e renal (falha destes órgãos).
O diagnóstico pode ser feito através exame de sangue, onde observa-se em microscópio presença das bactérias e protozoários dentro das células sanguíneas.
Como proteger meu melhor amigo?
A prevenção é sempre o melhor remédio. Os carrapaticidas são vendidos nas farmácias veterinárias e casas de ração e devem ser administrados antes do cão entrar em contato com o carrapato. Ideal fazer uso de medicação apropriada tanto no cão quanto no ambiente em que ele vive pois à postura de ovos do carrapato ser fora do corpo do animal. Há várias opções hoje no mercado, atendendo às necessidades de tutores de todos os níveis econômicos.
É indicado no caso de infestação, uso de medicação via oral (comprimido) a fim de livrar de vez seu cão dos carrapatos presos pelo corpo.
Para a limpeza do ambiente deve ser utilizado produto líquido diluído em água pois este é encontrado em altas concentrações e pode ser indicado para uso em grandes animais (cavalos e bois) quando adquirido em casas agropecuárias.
O ideal é que se adquira produto indicado para cada uso (animal e ambiente) e para a espécie (cão), pois, se mal diluído ou feito uso inadequado, pode causar intoxicação por superdosagem ou pela pele e respiração em caso de apresentação líquida para diluição. Em caso de intoxicação procure um médico veterinário imediatamente.
Como prevenção temos carrapaticidas em comprimidos, tabletes palatáveis, pipetas de uso na pele (aplicação no dorso) e coleiras que servem tanto para livrar de carrapatos quanto de pulgas. Cada método tem seu tempo de ação e a indicação da quantidade oferecido vai de acordo com o peso do animal. Estas informações podem ser obtidas na bula do produto e a frequência de aplicação varia de acordo com o princípio ativo.
Animais que têm acesso à rua, gramados, frequentam petshops e/ou dividem ambiente com outros animais devem ser medicados mensalmente (uma vez ao mês) ou segundo a indicação do fabricante. Deve-se observar que o tempo de duração varia também de acordo com o ambiente a hábitos do animal a ser protegido.
Qual o tratamento?
Em caso de detecção de algum dos sintomas citados, procure um médico veterinário para realizar diagnóstico e tratamento o mais breve possível. Quanto mais tempo o cão permanece infectado, a doença evolui e se agrava dificultando o tratamento e recuperação. Em alguns casos o animal pode vir a óbito (morte).
O tratamento é na maioria das vezes caro, custoso e prolongado. Faz-se uso de antibióticos por até 21 dias consecutivos dependendo da resposta do animal e tratamento suporte sintomático como fluidoterapia (soro), complexos vitaminicos, antieméticos, antitérmicos, glicocorticóides e analgésicos. Em casos extremos é necessário transfusão sanguínea sem garantia total de sucesso.
É de extrema importância a prevenção por meio do uso de carrapaticidas mensalmente e limpeza do ambiente frequentemente para eliminar os possíveis ovos no local, livrando assim seu melhor amigo deste parasita.
Enviado por Lia C. F Silva – estudante de Medicina Veterinária e Tosadora
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