Foram cinco anos de luta e, enfim, na manhã da última sexta-feira (10), o garoto Lucas Guizzardi, 10 anos, que sofre de leucemia, recebeu a notícia de que foi encontrado um doador de medula óssea 100% compatível. A chance disso acontecer é de uma em 100 mil.
“Foi uma emoção, a notícia mais importante que recebemos. Esperamos que o transplante seja bem sucedido e que o Lucas possa retomar à vida dele”, disse Sizinia Trindade, tia de Lucas.
“Receber essa notícia foi maravilhoso. É a única chance de vida para o meu filho”, comemora Rosimar Guizzardi, mãe do garoto, que acrescenta: “Agradeço a todos que tem ligado para a minha casa nos parabenizando por essa conquista”.
Lucas e sua família não têm muitas informações sobre a pessoa que doará a medula. Sabe-se apenas que ele é do sexo masculino e tem 35 anos. O sigilo é um procedimento do Banco de Medula Óssea. Após um ano do transplante, aí sim é possível conhecer o doador.
O transplante deve ser feito nos próximos 15 dias, no Hospital das Clínicas.
Como é o transplante para o doador?
Antes da doação, o doador faz um rigoroso exame clínico incluindo exames complementares para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde. Leia mais sobre a doação de medula.
Como é o transplante para o paciente?
Depois de se submeter a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula, o paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, limpeza e esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente necessitará ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre muito comuns. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário em alguns casos o comparecimento diário ao Hospital-dia.