Ao diabo com o patrulhamento

Por Gazeta

A constituição brasileira deixa bem claro o direito que o cidadão tem de se locomover livremente dentro do território nacional e expressar publicamente sua opinião. O que estamos assistindo entretanto, graças ao “milagre” da Internet e a proliferação desenfreada de aparelhos celulares, é o patrulhamento feito por grupos radicais que não aceitam a opinião alheia e passam a massacrar nas redes sociais qualquer cidadão que se oponha as suas ideias preconcebidas sobre a questão de gênero, preservação ambiental, questão racial, proteção de animais, menores infratores, etc.

Pobre do patrulhado se for algum famoso. Aí a pessoa terá problemas, mesmo porque o caso acaba repercutindo “naquela” grande mídia que obtém grandes índices de audiência explorando gafes de celebridades e crimes escabrosos. Lembro-me do tempo da Revolução que, para emitir alguma opinião minimamente controversa em ambiente público, o cidadão precisava certificar-se de que não havia pelo ambiente algum “X9” ou patrulheiro de plantão que iria entregá-lo a autoridade mais próxima. Com a volta da Democracia, foram liberadas, por exemplo as piadas envolvendo delegados, generais, presidentes, ministros, portugueses, judeus, skinheads, loiras, japoneses ou quem quer que fosse, com exceção de negros e gays (ou melhor, afrodescendentes e LGBTS).

Dias atrás, um comentário infeliz de Leno Maycon Viana Gomes, vulgo “Nego do Borel”, gerou uma incrível saia justa para Larissa de Macedo Machado, a popular “Anitta” que, ao aceitar convite para dividir o palco, foi sonoramente vaiado pelo público presente. Tão logo o fato se consumou, os patrulheiros da Internet mais “aquela” TV trataram de botar lenha na fogueira.

Acho, do alto da minha ignorância, que um convívio social saudável onde as pessoas conversem, troquem ideias e pontos de vista olhando nos olhos como se fazia no passado, reduziria sobremaneira os mal entendidos. Porque não só as palavras, mas a entonação delas e a expressão facial é que dão o verdadeiro sentido ao que se quer comunicar. Não se compara a frieza de um texto cheio de abreviações da internet com o poder da palavra ao vivo. Afinal, somos seres humanos e Deus nos deu o dom de fala e audição além do intelecto para que nos comuniquemos de forma a superar nossos conflitos e não para criá-los ou alimentá-los através dessa ferramenta tão poderosa quanto mal utilizada. Por fim, deixo aqui um pensamento: “Todos querem opinar, porém ninguém tem conhecimento de nada”.

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