TI verde não é mais novidade. Poucas empresas têm conseguido implementar soluções efetivas nesse sentido. Mas uma iniciativa da Secretaria da Fazenda, o projeto SPED, que tem como objetivo diminuir fraudes e tornar mais transparente o envio de informações ao Fisco, tem conseguido resultados expressivos: desde 2006, 254 mil empresas já substituíram as notas fiscais em papel pela versão eletrônica, o que significa redução estimada de mais de 26 bilhões de toneladas de papel.
Desde que surgiu, esse projeto foi mais visto como obrigação do que benefício pelas companhias. Mas facilitou a rotina das áreas contábeis, comerciais e até financeiras melhorando o relacionamento entre empresas e governo. Em paralelo, tornou o setor mais ético e competitivo, pois quem fraudava agora será realmente punido pela má prática correndo o risco de ficar fora do mercado, e de um modo geral as empresas passaram a atuar de igual para igual, pois a nota fiscal eletrônica padronizou a área fiscal de todas, dando-lhes chances de crescer ainda mais em seus segmentos.
Em outra vertical dos benefícios, o SPED deu fim aos arquivos mortos que há décadas as empresas precisavam manter para guardar suas notas fiscais. Estudos apontam que, para cada árvore cortada, o mercado recebe 12 mil folhas de papel. Se calcularmos que uma empresa emite 200 notas fiscais por mês, e multiplicarmos por cinco, que é o número de vias necessárias, serão 1.000 folhas de papel circulando mensalmente. Esse mesmo número, se contabilizado por um ano, gera em torno de 12 mil folhas, ou seja, apenas uma empresa, no período de um ano, deixa de derrubar uma árvore.
Há muito venho falando também da ajuda que o SPED deu aos contadores. Segundo os sindicatos da classe contabilista, o Brasil tem 400 mil contadores e cerca de 70 mil escritórios contábeis. Os profissionais dessa área tiveram o Livro Diário e o Livro Razão substituídos por arquivos digitais, dessa forma reduziram os custos e também eliminaram a utilização de papel.
Outro aspecto importante é que com a evolução das companhias para esse modelo, não basta apenas emitir a nota fiscal eletrônica, ter uma estrutura de armazenamento de dados é essencial. Vemos que as empresas estão avançando em busca de soluções de virtualização, segurança, storage e backup, tudo para manter seus dados atualizados, seguros e com o menor impacto ambiental possível.
A obrigatoriedade segue no Brasil e até o final deste ano, segundo a Secretaria da Fazenda (SEFAZ), cerca de um milhão de empresas precisam começar a emitir nota fiscal eletrônica. Independente do número de árvores que isso possa representar, trata-se de uma prática de TI, disponível para todas as empresas.
Agora é necessário um olhar especial para dentro de casa, verificar o quanto sua empresa já avançou no modelo e o quanto ainda pode avançar. Se ainda não implementou, não espere a obrigatoriedade chegar. Se implementou, é hora de começar a contar quantas árvores sua empresa já salvou.
Marco Zanini é presidente da NFe do Brasil