Volta e meia nossas autoridades tropeçam no vocábulo e maltratam a língua Pátria, ou extrapolam nas declarações como algumas frases que ficaram famosas pronunciadas por eminentes figuras do mundo político, como o célebre, “ Tem vontade sexual, estupra mas não mata” de Paulo Maluf; ou a não menos famosa “ Relaxa e goza” dita pela queridíssima sexóloga, ex prefeita de São Paulo e ex Ministra do Turismo Marta Suplicy; ou uma pérola do ex Presidente/ presidiário Lula, que durante uma audiência com o Juiz Sergio Moro, dirigiu-se a uma Promotora Federal chamando-a de “Minha querida”. O Presidente Bolsonaro no entanto inovou ao fazer troças e trocadilhos, especialmente contra alguns e algumas jornalistas que cobrem o Planalto ou escrevem reiteradamente matérias negativas sobre ele.
Na esteira do Presidente, seu principal Ministro Paulo Guedes, declarou outro dia que o dólar estava tão baixo que até empregada doméstica estava indo a Disney.
O exemplo é perfeito para ilustrar sua fala, ao comentar que até brasileiros de baixa renda se davam ao luxo fazer turismo em dólar, só que o Ministro quis deixar tudo claro demais, esqueceu-se da chamada “liturgia do cargo” e escorregou para o “botequinês”.
Por sua vez os jornalistas que fazem a cobertura de autoridades, tem o dever de manter a compostura e o respeito ao entrevistado. Fico estarrecido ao ver essas estrelas da informação, em especial a televisiva, tratando Ministros do Supremo, e até o Presidente por “você”.
Ora se o jornalista pode “subir” ao ponto de chamar o Presidente de você, o Presidente pode descer ao nível dele e fazer piada com o chamado “furo”, que no jargão jornalístico nada mais é que dar uma notícia em primeira mão, furando os colegas concorrentes.
Há também os jornalistas do “baixo clero”, (de pequenos órgãos de comunicação), que provocam o Presidente, recebem uma reposta atravessada e vão parar na grande mídia, em seu momento de glória.
Qualquer cidadão com um pouco de conhecimento e isenção, sabe que a origem de Bolsonaro é a caserna, o quartel, e embora tenha convivido por mais de vinte anos, no ambiente político, isso não fez dele um lorde. Convivam com isso.
(Por Antonio Carlos – Gazeta)